"Foram libertados, sem regime de apresentação periódica, Luís Gonzalo Pérez, Juan Carlos Salazar, Rafael Hernández e Diógenes Tirado. Estão em Guasdualito (Estado de Apure)", anunciou o vice-presidente do FPV na sua conta do Twitter.
Gonzalo Himiob afirma ainda, na mesma rede social, que "é sempre o mesmo. O jogo perverso de se recusar sistematicamente a dizer onde está uma pessoa detida".
"Isso é um crime e as ordens de superiores não são desculpa. A responsabilidade é pessoal em todos os níveis da cadeia de comando", afirma.
O Colégio Nacional de Jornalistas (CNP, entidade responsável pela atribuição da carteira profissional) informou através do Twitter que "celebrava a libertação dos colegas" jornalistas "depois de mais de 24 horas em poder da Guarda Nacional Bolivariana (BNG, polícia militar) em Apure".
"Condenamos as detenções arbitrárias e que lhes tenham roubado os equipamentos de trabalho e pessoais", afirmou o CNP.
O CNP denunciou na quinta-feira que os jornalistas da estação de televisão NTN24 e os dois ativistas da FundaRedes estavam desaparecidos, depois de terem sido detidos em 31 de março por militares venezuelanos.
As detenções, segundo o CNP, ocorreram na localidade de Apure, fronteiriça com a Colômbia, quando cobriam operações das Forças Armadas da Venezuela contra dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Segundo a imprensa e as redes sociais locais os detidos tinham sido sequestrados por militares.
O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, atribuiu a situação a um "falso positivo" (coisas que parecem o que não são) para "acusar o Governo de Nicolás Maduro de promover, financiar e auspiciar o (subversivo) Exército de Libertação Nacional" da Colômbia.
Num vídeo divulgado na Internet pela estação Rede Rádio Venezuela, os jornalistas afirmam que não foram sequestrados nem maltratados por militares venezuelanos e que viajaram até à Colômbia, de onde passaram para território venezuelano, tentando recolher declarações das pessoas que fugiram dos conflitos em Apure.
Em 21 de março, dois militares venezuelanos morreram em confrontos com grupos rebeldes armados colombianos, segundo um comunicado do Exército da Venezuela, que dava ainda conta da detenção de 32 rebeldes.
Segundo as autoridades colombianas, mais de três mil pessoas fugiram de Apure (sudoeste) para Arauca, devido aos confrontos entre as forças armadas venezuelanas e os dissidentes das FARC.
De acordo o coordenador da FundaRedes, Juan Garcia, as pessoas em fuga são pequenos produtores agropecuários, mulheres, crianças e idosos.
Juan Garcia explicou que "o deslocamento da população civil é grave" e as forças armadas venezuelanas fizeram "um ataque com grande força de maneira indiscriminada", sem pensar nos habitantes da zona, que durante anos estiveram sujeitos aos "mesmos grupos guerrilheiros que hoje são atacados".
Seis acampamentos foram destruídos e os militares venezuelanos apreenderam uma quantidade indeterminada de armas, munições, explosivos, veículos automóveis e droga.
A Venezuela e a Colômbia partilham 2.200 quilómetros de fronteira.
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