Numa cerimónia de lançamento da campanha de vacinação, que decorreu no Centro de Saúde Formosa, no centro de Díli, foram ainda vacinados o arcebispo de Díli, Virgílio do Carmo da Silva, o ex-Presidente da República José Ramos-Horta, membros do Governo e deputados.
"Este acontecimento tem dois sentidos. Primeiro combater a covid-19. Vamos ganhar essa batalha. Segundo, dizer aos céticos que esta doença existe e que têm que acabar com a propaganda em contrário", afirmou à Lusa o primeiro-ministro, depois de ser vacinado.
O momento da vacinação a Taur Matan Ruak, ao presidente do Parlamento, Aniceto Guterres Lopes, e ao presidente do Tribunal de Recurso, Deolindo dos Santos, foi transmitido em direto para todo o país.
Antes, um médico timorense explicou todo o processo, mostrando os frascos da vacina, como e quanto se retira de cada um, e que a cada pessoa é medida a tensão arterial antes de receber a vacina.
Depois cada pessoa vacinada recebe um "cartão de vacinação covid-19" amarelo, que confirma a primeira dose.
As primeiras 24 mil doses da vacina chegaram na segunda-feira a Timor-Leste e vão começar a ser agora distribuídas, segundo um calendário do Governo, a começar pelas equipas da linha da frente e idosos com comorbidade.
Momento antes de ser vacinado, Taur Matan Ruak disse que se tinha voluntariado para ser o primeiro a receber a injeção, explicando que o Presidente da República, Francisco Guterres Lú-Olo, fica para mais tarde, à espera de uma recomendação dos seus médicos.
E depois ironizou, referindo que por ser o primeiro e haver as preocupações sobre o uso da vacina, tinha vindo com a sua mulher, Isabel Ferreira, para ver se tudo "corre bem".
"Timor-Leste tem feito um grande esforço, em colaboração com a comunidade internacional, para evitar que a pandemia da covid-19 tivesse um impacto maior. Infelizmente, um ano depois, temos a registar a primeira vítima mortal", disse.
"Desde dezembro e apesar dos esforços os casos cresceram muito, essencialmente por dois fatores: o aumento drástico de casos da covid-19 em Timor Ocidental e depois as passagens ilegais nas fronteiras.
Timor-Leste, considerou, passou de "uma fase inicial de casos importados para a transmissão local e hoje quase com transmissão comunitária".
"A situação é complexa e está a colocar grande pressão sobre a linha da frente", acrescentou.
O objetivo é de que até 2021 o país consiga vacinar todos os seus cidadãos. "Mas para vacinar precisamos de vacinas. Os primeiros 20% são oferecidos pelo mecanismo Covax. Mas falta depois os restantes 80%", considerou.
"Fiz já um pedido oficial ao primeiro-ministro australiano para apoio no acesso a esses 80%. Mas também já pedi ao Governo da China para que possa dar apoio a Timor-Leste nesta questão", sublinhou.
Além disso, notou, o Governo inscreveu na proposta de orçamento retificativo, que está agora a ser considerada no Parlamento, um valor total de 35 milhões de dólares (29,4 milhões de euros) para a vacinação.
A ministra da Saúde destacou a importância do arranque da vacinação como medida de combate à covid-19 em Timor-Leste, explicando que ainda só chegou ao país uma parte das doses necessárias, mas que o processo será acelerado.
"Ainda não temos todas as doses no país. Temos apenas uma pequena percentagem da doação da iniciativa Covax de apoio às nações mais pequenas", disse Odete Belo, referindo que o Governo continua a trabalhar para garantir o acesso às vacinas necessárias.
Timor-Leste, que registou terça-feira a sua primeira morte de uma pessoa infetada com o coronavírus SARS-CoV-2, tem 485 casos ativos e um total de 778 acumulados desde o início da pandemia.
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