Joseph Wu disse que as tentativas da China de conciliação, enquanto pratica intimidação militar, estão a enviar "sinais contraditórios" aos residentes da ilha.
Taiwan vive como território autónomo desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.
Formalmente chamada República da China, Taiwan tornou-se, entretanto, numa democracia com uma forte sociedade civil, mas Pequim considera a ilha parte do seu território e ameaça a reunificação pela força.
Wu observou que dez aviões de guerra chinesas sobrevoaram a zona de identificação de defesa aérea de Taiwan na segunda-feira, enquanto um grupo de navios militares, incluindo um porta-aviões, realizaram exercícios perto de Taiwan.
"Estamos dispostos a defender-nos, sem dúvida", disse Wu aos jornalistas. "Travaremos uma guerra se precisarmos de travar. Se precisarmos de nos defender até ao último dia, então assim o faremos", avisou.
A China não reconhece o Governo democraticamente eleito de Taiwan, e o líder Xi Jinping disse que a "unificação" entre os lados não pode ser adiada indefinidamente.
"Por um lado, eles querem encantar o povo taiwanês enviando as suas condolências, mas, ao mesmo tempo, enviam aviões e embarcações militares para mais perto de Taiwan com o objetivo de intimidar o povo taiwanês", descreveu Wu.
"Os chineses estão a enviar sinais muito confusos ao povo taiwanês e eu classificaria isso como autodestrutivo", notou.
O Exército norte-americano tem alertado que a China provavelmente está a acelerar o seu cronograma para assumir o controlo de Taiwan, ilha que constitui a principal fonte de tensão entre Washington e Pequim há várias décadas.
Um movimento militar contra Taiwan, no entanto, seria um teste do apoio dos EUA à ilha.
Para a Casa Branca, a escolha é entre abandonar uma entidade democrática ou arriscar o que poderia tornar-se uma guerra total, por uma causa que não é prioritária para a maioria dos cidadãos norte-americanos.
Os Estados Unidos há muito se comprometem a ajudar Taiwan a defender-se, mas deliberadamente não deixaram claro até onde iriam em resposta a um ataque chinês.
Alguns líderes militares norte-americanos veem Taiwan como potencialmente o ponto de inflamação mais imediato.
"Temos indicações de que os riscos estão realmente a aumentar", disse o almirante Philip Davidson, comandante militar de maior escalão dos EUA na região da Ásia-Pacífico, a um painel do Senado, no mês passado, referindo-se a um movimento militar chinês em Taiwan.
"A ameaça é manifesta durante esta década - na verdade, nos próximos seis anos", apontou Davidson.
O esperado sucessor de Davidson, o almirante John Aquilino, recusou-se a apontar um prazo de seis anos, mas disse aos senadores durante a sua audiência "que este problema está muito mais próximo de nós do que a maioria pensa".
Funcionários do Governo de Joe Biden falaram menos incisivamente, mas enfatizaram a intenção de aprofundar os laços com Taiwan, provocando advertências de Pequim contra a interferência de terceiros no que considera um assunto doméstico.
O secretário de Defesa, Lloyd Austin, chamou a China de "crescente ameaça" para os Estados Unidos, e os serviços militares estão a ajustar-se de acordo.
O Corpo de Fuzileiros Navais, por exemplo, está a remodelar-se com a China e a Rússia em mente, após duas décadas de combate focado em solo contra extremistas no Médio Oriente.
O almirante Charles Richard, que como chefe do Comando Estratégico dos EUA é responsável pelas forças nucleares, escreveu num ensaio recente que a China está a caminho de ser um "par estratégico" dos Estados Unidos.
Ele considerou que a reserva de armas nucleares da China deve dobrar "se não triplicar ou quadruplicar" nos próximos 10 anos.
As incursões aéreas chinesas, incluindo voos ao redor da ilha, tornaram-se uma ocorrência quase diária, servindo para anunciar a ameaça e aprender mais sobre as capacidades de Taiwan.
Um porta-voz do Ministério da Defesa da China, o coronel Ren Guoqiang, exortou Washington a "abandonar o pensamento de paz zero" e a fazer mais para construir confiança e estabilidade mútuas.
Ren disse que "tentativas de forças externas de usar Taiwan para tentar conter a China, ou o recurso a meios militares por forças de independência de Taiwan são todos becos sem saída".
As implicações de um movimento militar chinês contra Taiwan e os seus 23 milhões de habitantes são tão profundas e potencialmente graves que Pequim e Washington há muito administram um meio-termo frágil - a autonomia política taiwanesa que impede o controlo de Pequim, mas fica aquém da independência formal.
As previsões de quando a China pode decidir tentar obrigar Taiwan a reunificar-se com o continente chinês há muito variam, e não há uma visão uniforme nos Estados Unidos.
Larry Diamond, um membro da Instituição Hoover da Universidade de Stanford, disse na semana passada que duvida que os líderes chineses estejam prontos para forçar a questão.
"Eu não acho que esteja para breve", apontou.
A anterior administração dos EUA adotou várias medidas para demonstrar um compromisso mais forte com Taiwan, incluindo o envio de um membro do Gabinete para Taipé, no ano passado, tornando-o o oficial de mais alto nível dos EUA a visitar a ilha desde que as relações diplomáticas formais foram rompidas em 1979.
Na semana passada, o embaixador dos EUA na nação insular do Pacífico de Palau, John Hennessey-Niland, tornou-se ainda o primeiro embaixador dos EUA a visitar Taiwan desde que Washington cortou os laços com Taipé.
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