"Estamos a viver uma crise política, jurídica, económica, sanitária, entre outras, que nos mergulha num clima de agressões físicas e verbais, atentatórias à dignidade humana e conducentes à violação da integridade física e moral das pessoas, das instituições e da sociedade em geral, enquanto comunidade do bem", pode ler-se na carta.
Na carta, a Família Franciscana, da igreja católica, afirma que se está a assistir a "gastos avultados de dinheiro público de forma leviana e sem transparência".
"Constatamos a instrumentalização das identidades étnicas e religiosas para fins políticos, ausência de respostas às populações mais desfavorecidas, relativamente à assistência alimentar, educativa e proteção social, agravamento de impostos sobre os trabalhadores, sem prévia melhoria das condições laborais e salariais, quando as benesses do erário público são para consumos políticos e não para investimento público", salienta.
A organização católica sublinha que a justiça está "fragilizada, desacreditada" e é "seletiva", "não estando ao alcance dos mais frágeis e necessitados" e denuncia os "silêncios", inclusive da "comunidade internacional".
"A manutenção deste estado de coisas leva à degeneração da situação até à ingovernabilidade, clivagem e colapso. A litigiosidade e agressividade, como um vírus, estão a contagiar a população no seu dia-a-dia. A desconfiança reina em todo o lado. A República está a regredir, em termos de garantias e defesa dos direitos", refere a mensagem.
Salientando que a Família Franciscana não está contra ninguém, na mensagem é pedido ao Estado guineense que se preocupe com a vida concreta dos cidadãos, nomeadamente tentando resolver os problemas da educação, saúde, produção de alimentos e investir na economia para criar mais postos de trabalho.
Na mensagem é pedido também que haja uma governação exemplar e o combate à corrupção em todas as suas formas.
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