O jornal cita diferentes fontes que confirmaram que um conselheiro da embaixada chinesa falou por telefone com um membro do Comité de Representantes da Assembleia da União (CRPH), o autoproclamado governo legítimo e declarado como organização ilegal pela junta militar.
A China não condenou o golpe militar e exerceu o seu direito de veto no Conselho de Segurança da ONU para que não fossem impostas sanções ao Myanmar, algo defendido pelas potências ocidentais - Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia.
Durante o diálogo, os dois lados discutiram a situação no país e o representante do governo civil, cujos membros vivem clandestinamente no Myanmar, pediu à China que apoie o povo do Myanmar para derrubar os líderes golpistas e na restauração da democracia.
O diplomata chinês reiterou que a situação atual não é o que a China deseja e expressou preocupação pela segurança dos cidadãos chineses e pelos investimentos no país, face à escalada da violência, adiantam as fontes citadas pelo Irrawaddy.
Em meados de março, dezenas de fábricas têxteis, incluindo algumas de propriedade de empresários chineses, foram atacadas, num distrito industrial de Rangum, a maior cidade do país, durante protestos contra o golpe militar.
Pequim negou ter apoiado ou dado consentimento tácito ao golpe e reiterou que espera que todas as partes resolvam as suas diferenças e promovam a estabilidade no país.
A onda de protestos contra a junta militar e a prisão do governo eleito da líder Aung San Suu Kyi continuou hoje em várias cidades do país, apesar da repressão brutal exercida por policias e militares, que já resultou em centenas de mortos.
Os militares justificaram o golpe por uma suposta fraude eleitoral, nas eleições de novembro passado, que foram vencidas pelo partido de Suu Kyi, e consideradas legítimas por observadores internacionais.
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