Alertas de desflorestação na Amazónia brasileira batem recorde em março

Os alertas de desflorestação na Amazónia brasileira em março, equivalentes a 367,6 quilómetros quadrados, foram os maiores já registados para o mês desde o início da monitorização, em 2015, segundo dados oficiais.

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Lusa
09/04/2021 22:53 ‧ 09/04/2021 por Lusa

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Os dados foram recolhidos pela nova versão do Sistema de Deteção de Desflorestação em Tempo Real (Deter), que entrou em funcionamento em 2015, e que integra o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) do Brasil, um órgão governamental.

O recorde anterior havia sido registado em 2018, quando foram desflorestados 356,6 quilómetros quadrados em março, seguido por 2020, com 326,49 quilómetros quadrados de floresta derrubados.

Além disso, a desflorestação tende a aumentar nos próximos meses, tendo em conta os registos de anos anteriores, devido à aproximação da temporada seca na floresta, o que faz também crescer o número de queimadas na Amazónia.

O aumento da desflorestação naquela que é a maior floresta tropical do planeta foi duramente criticado pela organização não-governamental (ONG) Greenpeace, que alertou que foi registado um crescimento de 12,5% nas medições face a 2020 mesmo com uma cobertura das nuvens superior, fator que pode ter dificultado a leitura por satélite do Deter.

A poucas semanas da cimeira virtual sobre o aquecimento global, agendada para os próximos dias 22 e 23 de abril pelo Presidente norte-americano, Joe Biden, cresce a pressão contra o chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro.

Várias ONG têm apelado para que Biden inclua a sociedade civil nas negociações do seu Governo com Brasil sobre a Amazónia e instam a que "nenhum acordo seja considerado" até que a desflorestação da Amazónia, que atingiu máximos históricos durante o Governo de Bolsonaro, seja reduzida até aos índices que determina a Política Nacional de Mudanças Climáticas.

"A meio de medidas que promovem a desflorestação na Amazónia e premiam os criminosos, o Deter de março é mais um motivo para que o Governo Biden não assine um 'cheque em branco' com o Governo de Bolsonaro", escreveu hoje a Greenpeace na rede social Twitter.

"A portas fechadas, Brasil e Estados Unidos negociam o anúncio da transferência de recursos bilionários para conter a desflorestação no Brasil. Porém, não há qualquer garantia de que o dinheiro será, de facto, destinado à proteção das florestas. Pelo contrário, o acordo pode tornar o Governo Biden cúmplice da destruição ambiental promovida pelo Governo de Bolsonaro", argumentou ainda a ONG em comunicado.

Durante os primeiros dois anos do mandato de Bolsonaro, que tomou posse em janeiro de 2019, a área florestal arrasada do mapa atingiu 10.700 quilómetros quadrados em 2019, e 9.800 quilómetros quadrados em 2020, os piores números desde 2008.

O chefe de Estado brasileiro já se mostrou favorável à exploração agrícola e mineira da Amazónia, qualificou de "cancro" as ONG ecológicas e acusou ainda as potências estrangeiras de criticarem a sua política ambiental de forma a apoderarem-se dos recursos naturais do Brasil.

Joe Biden convidou 40 líderes mundiais, incluindo Jair Bolsonaro e os chefes de Estado chinês e russo, Xi Jinping e Vladimir Putin, respetivamente, para uma cimeira virtual sobre o aquecimento global a ocorrer dentro de duas semanas.

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