De acordo com a Free Burma Rangers, uma agência de ajuda humanitária que presta assistência médica a esta etnia, embora os bombardeamentos aéreos tenham parado desde 02 de abril, caças continuam a sobrevoar diariamente a área, perto da fronteira tailandesa, enquanto os ataques terrestres do exército prosseguem.
"Muitos aldeões ainda não regressaram às suas casas ou não puderam plantar novas colheitas, porque veem os aviões a voar e vivem com medo de mais bombardeamentos", lê-se na nota desta organização.
A ONG observou que entre 03 e 12 de abril, ocorreram diariamente na área ataques com morteiros e outras armas, matando um homem de 60 anos e ferindo pelo menos cinco pessoas, incluindo uma criança de 11 anos, causando danos materiais em casas, escolas e hospitais, e forçando milhares de pessoas a fugir.
O Tatmadaw (como o exército birmanês é conhecido) atacou na segunda-feira uma base guerrilheira do Exército Independente de Kachin (KIA), no estado de Kachin (nordeste), onde o conflito se intensificou nas últimas semanas.
As bombas atingiram algumas aldeias, matando pelo menos três civis, de acordo com os meios de comunicação locais.
Várias guerrilhas étnicas, que há anos exigem uma maior autonomia, apesar de algumas terem assinado um cessar-fogo, têm manifestado apoio ao movimento de desobediência civil e têm exigido que a junta militar deixe de matar civis.
Mais de 700 pessoas morreram em resultado da repressão brutal levada a cabo pelas autoridades contra manifestantes, após o golpe militar de 01 de fevereiro, segundo dados da Associação de Assistência aos Prisioneiros Políticos.
O exército birmanês justifica o golpe com uma alegada fraude eleitoral nas eleições de novembro passado, em que o partido de Aung San Suu Kyi venceu, e que foram consideradas legítimas pelos observadores internacionais.