"Que exista um plano de vida para a Amazónia. Não há um plano de vida para a Amazónia, que haja um plano de ação urgente para defender a vida dos nossos irmãos e irmãs", disse o coordenador geral das Organizações Indígenas da Bacia Amazónica, José Gregorio Díaz Mirabal, em conferência de imprensa.
Mirabal indicou que o apelo é dirigido à Organização das Nações Unidas (ONU), à Organização dos Estados Americanos (OEA), à Corte [Tribunal] Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), mas "sobretudo" aos Governos dos seus países.
O coordenador garantiu que desde 2014, até este ano, contabilizam-se "mais de 630 irmãos assassinados".
"Claro que não vão obter dados em nenhum país, não vão conseguir dados em nenhum Ministério da Saúde, Educação, Justiça, por isso fazemos um chamamento a todas as instituições globais que têm de defender os nossos direitos", afirmou.
José Gregorio Díaz Mirabal ressaltou que, até ao momento, não existe um mecanismo "verdadeiro" e "eficaz" que lhes permita defender os seus direitos.
Por sua vez, o presidente da Organização Regional Aidesep Ucayali, do povo Ashaninka do Peru, Jiribati Ashaninka, indicou que, desde 2013, nove lideranças indígenas foram assassinadas e especificou que os dois últimos assassínios ocorreram porque estavam a defender os seus territórios.
Jiribati afirmou que ele próprio recebeu ameaças de morte, embora não tenha especificado por parte de quem.
"Precisamos que se investiguem todos os casos de homicídio na Amazónia que ficaram impunes, (...) precisamos, urgentemente, de um plano de titulação dos nossos territórios", acrescentou, destacando a importância de respeitar as leis de origem.
O coordenador de direitos humanos da Organização dos Povos Indígenas da Amazónia Colombiana, Oscar Daza, também denunciou que no seu país ocorreram, desde o início do ano, 46 assassínios, dos quais 16 são indígenas.
"É uma situação grave (...). Não podemos continuar sendo vítimas de quem deseja ativar ou promover o narcotráfico", disse Daza, destacando que o Estado colombiano não está a dar garantias aos povos indígenas.
Os líderes destacaram que as suas comunidades são afetadas pelo narcotráfico, desflorestação, presença de militares "regulares e irregulares", mineração ilegal e pela pandemia de covid-19.
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