Crematórios da capital venezuelana com lista de espera de uma semana

Os crematórios de Caracas que recebem os corpos das vítimas mortais da pandemia estão "congestionados e com listas de espera de até uma semana", denunciou hoje a ONG Médicos Unidos da Venezuela (MUV).

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Lusa
14/04/2021 22:25 ‧ 14/04/2021 por Lusa

Mundo

Covid-19

"As listas para cremação de mortos nos cemitérios, aumenta a cada dia porque ultrapassam as suas capacidades", denunciou a ONG na sua conta do Twitter, alertando também para possíveis aumentos de contágios no país.

Na mesma rede social a MUV afirma que registam "até uma semana de espera pelos procedimentos de cremação".

"Os cadáveres devem manter-se 'refrigerados'. Isso pode aumentar o risco de infeção", explica.

A ONG explica ainda que não pretende causar alarme entre os venezuelanos, "mas sim alertar sobre os perigos de expansão da pandemia no país".

"Dispomos apenas das medidas de barreiras para controle: uso de máscaras, lavagem das mãos e desinfeção com álcool, distanciamento e isolamento preventivo", sublinha.

Segundo a MUV, pelo menos 468 médicos e outros profissionais da saúde faleceram, na Venezuela, entre 16 de junho de 2020 e 11 de abril de 2021.

"Os profissionais da saúde têm a maior carga de mortalidade cumprindo o seu dever", explica.

Segundo a Médicos Unidos da Venezuela, as dez regiões venezuelanas com maior número de profissionais da saúde falecidos com a covid-19 são Zúlia (83), o Distrito Capital (70), Carabobo (43), Bolívar (36), Anzoátegui (30), Arágua (29), Táchira (21), Lara (21), Mérida (17) e Guárico (15).

Na Venezuela estão oficialmente confirmados 176.972 casos de covid-19. Há ainda 1.815 mortes associadas ao novo coronavírus, desde o início da pandemia.

O país recebeu meio milhão de doses de vacinas da farmacêutica estatal chinesa Sinopharm e 150 mil doses da vacina russa Sputnik V.

O Presidente da Venezuela anunciou, no domingo, que o país vai produzir dois milhões de doses por mês da vacina cubana Abdala contra a covid-19, num laboratório estatal venezuelano, a partir "do mês de agosto ou setembro".

Nicolás Maduro garantiu que o país vai assinar acordos com a China, Rússia e "outros países" para produzir vacinas contra a covid-19.

Há várias semanas que profissionais da saúde, ONGs e, mais recentemente, a Igreja Católica local apelam ao Governo venezuelano para comprar vacinas suficientes para imunizar a população perante o aumento de casos e mortes registadas desde março.

Entretanto, o Governo venezuelano recusou uma proposta de importação de vacinas para imunizar três milhões de trabalhadores feita pela Federação de Câmaras de Comércio da Venezuela (Fedecâmaras).

"A única entidade autorizada, capacitada e legitimada para cumprir com a vacinação contra a covid-19 é o Ministério da Saúde", disse o presidente da Assembleia Nacional (onde o chavismo é maioria), Jorge Rodríguez.

Segundo a imprensa local, está a decorrer a vacinação de cidadãos com mais de 60 anos, que estão a ser convocados através da plataforma Sistema Pátria, promovida pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV, o partido do Governo).

A Venezuela anunciou no sábado que adiantou 53,8 milhões de euros para comprar mais de 11 milhões de vacinas contra a covid-19, através do Fundo de Acesso Global para Vacinas Covid-19 (Covax).

De acordo com a Academia de Medicina da Venezuela, o país necessita de 30 milhões de vacinas para 15 milhões de pessoas, 3,5 milhões das quais para pessoal prioritário.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.961.387 mortos no mundo, resultantes de mais de 137,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Leia Também: Indígenas exigem garantias de vida diante de "assassínios"

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