"O Gabinete do Alto-Comissário para os Refugiados [ACNUR] está muito preocupado com o violento ataque a Damasak, no estado de Borno, que deixou oito pessoas mortas e pelo menos 12 feridas", informou a agência da ONU, numa nota enviada à agência France-Presse (AFP).
"Segundo as primeiras informações que recebemos dos nossos contactos no local, os atacantes queimaram edifícios, a esquadra de polícia, a clínica, as casas dos funcionários, bem como os escritórios do ACNUR", prossegue a nota.
O ACNUR estima que 8.000 pessoas tenham atravessado a fronteira para o Níger, juntando-se aos imensos refugiados e deslocados que partiram nos últimos dias para o país vizinho, mas também para sul, em direção a Maiduguri, a capital de Borno.
Por seu lado, o funcionário do governo local Mustapha Bunu Kolo disse que o ataque, que durou quase 10 horas, causou 10 mortos.
"A destruição a que assistimos não tem precedentes", relatou à agência AFP, prosseguindo: "Atacaram a cidade no preciso momento em que as pessoas estavam a quebrar o seu Ramadão rapidamente".
Os ataques anteriores, no sábado, terça e quarta-feira, tinham causado a destruição de instalações humanitárias e deixaram pelo menos quatro pessoas mortas, incluindo um soldado. Na terça-feira à noite, incendiaram uma esquadra de polícia após não terem assumido o controlo da base militar local.
"Vamos refugiar-nos noutro país", disse um residente num vídeo enviado à AFP na quarta-feira, através do qual mostrou centenas de civis carregando pertences, a pé e em burros, caminhando ao longo de uma estrada sinuosa de mato.
"A única opção que resta é ir para Diffa, onde a maioria dos nossos familiares fugiram nos últimos dois dias", disse o residente.
Desde que o grupo islâmico radical Boko Haram iniciou a sua rebelião em 2009 no nordeste da Nigéria, o conflito já deixou quase 36.000 mortos e dois milhões de deslocados.
Em 2016, o grupo separou-se, com a fação histórica de um lado e a Iswap, reconhecida pela organização do Estado Islâmico (IS), do outro.
O Presidente, Muhammadu Buhari, 78 anos, encontra-se atualmente em Londres para um "check-up médico". Eleito pela primeira vez em 2015, prometeu acabar com a insurreição jihadista no nordeste, mas está atualmente descredibilizado face a uma situação de segurança alarmante em todo o país.
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