"Não é a altura para mediações ou negociações com foras da lei", anunciou o porta-voz do Conselho Militar de Transição, Bermandoa Agouna, numa declaração transmitida pela televisão nacional.
"O Chade apela à cooperação e solidariedade do Níger (...) para facilitar a captura e prestação de justiça a estes criminosos de guerra", afirmou Agouna, citado pela agência France-Presse, que acusou o líder do grupo rebelde de ter fugido para o Níger, mas que este nega.
O pedido de cooperação feito ao Níger e a recusa de um cessar-fogo surgem no dia seguinte ao líder dos rebeldes da FACT ('Front for Change and Concord in Chad') ter anunciado que estava disposto a celebrar uma trégua.
No sábado, Mahmat Mahadi Ali tinha manifestado disponibilidade para cumprir um cessar-fogo, duas semanas depois de ter lançado uma ofensiva contra o regime no país: "Manifestámos a nossa abertura para uma trégua, um cessar-fogo (...), mas fomos novamente bombardeados, não podemos respeitar um trégua unilateralmente, deve ser feita de ambos os lados", afirmou Mahadi Ali, citado pela agência francesa.
O país africano vive num clima de instabilidade, agravada pela morte do Presidente, Idriss Déby Itno, ocorrida na terça-feira, enquanto comandava o Exército chadiano na luta contra os rebeldes no norte do país.
Há 30 anos no poder, Déby tinha sido reeleito para um mandato de seis anos, em eleições presidenciais realizadas em 11 de abril, dia em que o grupo rebelde FACT lançou uma ofensiva a partir das suas bases de retaguarda na Líbia.
O Exército chadiano anunciou que tinha provocado mais de 300 baixas entre os rebeldes, mas o Presidente acabou também ferido e morreu em batalha.
Após o anúncio da morte do Presidente, os militares, que têm agora o poder no Chade, revelaram a intenção de realizar eleições "livres e democráticas" após um "período de transição" de 18 meses, em que o país será liderado por um conselho militar.
O conselho militar é presidido pelo tenente-general Idriss Déby Itno, filho do falecido Presidente.
Sobre o processo de transição, o líder dos rebeldes, Mahmat Mahadi Ali, falou num esforço de "diálogo inclusivo".
"Estamos em sintonia com a oposição e a sociedade civil, que exigem um diálogo inclusivo", disse em declarações à AFP.