O bairro do Jacarezinho, no Brasil, foi palco, esta quinta-feira, de confrontos entre polícia e moradores, no âmbito de uma operação contra o tráfico de droga. No final, 25 pessoas morreram, incluindo um polícia que foi alvejado na cabeça.
Em conferência de imprensa, a polícia confirmou os dados resultantes desta ação, afirmando que todas as pessoas que morreram (à exceção do polícia) "eram criminosos", que terão reagido contra as autoridades.
"Para deixar bem claro: quem não reagiu, foi preso. Ou foi preso ou fugiu", afirmou o delegado Ronaldo Oliveira, citado pela Globo.
Segundo testemunhas, a operação terá escalado em termos de violência a partir do momento em que o polícia foi alvejado. Uma situação que é para muitos inaceitável. Terá havido, inclusive, queixas sobre o abuso de violência, as quais serão analisadas pelo Ministério Público.
Já a polícia considera que as críticas são atos de ativismo judicial que vão contra o trabalho policial. "Não sei se as grandes operações dão resultado. O que eu sei é que a falta de operação dá um péssimo resultado", disse o mesmo delegado, defendendo que foram cumpridos todos os protocolos.
Entretanto, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro já fez saber que está a acompanhar com muita atenção os desdobramentos da operação policial, que, segundo o sociólogo Daniel Hirata, terá sido a mais letal de sempre na cidade.
"Foi a operação mais letal que consta na nossa base de dados, não tem como qualificar de outra maneira que não como uma operação desastrosa (...) É uma ação autorizada pelas autoridades policiais, o que torna a situação muito mais grave", atira.
Nas redes sociais, muitas são as personalidades que vieram condenar o sucedido considerando que se trata de uma política de extermínio.
Já a polícia, embora considere que não houve excessos, também alega que não está feliz com o resultado mortal da operação. "Não estamos comemorando (...) Por outro lado, a Polícia Civil não vai se furtar de fazer com que a sociedade de bem tenha seu direito de ir e vir garantido", afirmou Ronaldo Oliveira.
Numa nota, a Polícia Civil do Rio de Janeiro anunciou que a operação realizada contra traficantes do CV, a maior organização criminosa do Rio de Janeiro, que atuam na comunidade do Jacarezinho, foi uma ação em conjunto com a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA).
A região do Jacarezinho é considerada um dos quartéis-generais da fação Comando Vermelho na zona norte do Rio de Janeiro.
Leia Também: Lula sobre tiroteio no Rio de Janeiro: "Isso não é segurança pública"