"Para muitas pessoas ao redor do mundo, o direito à liberdade religiosa está fora do alcance", considerou hoje Antony Blinken, na apresentação do relatório anual "International Religious Freedom Report", ao dizer que os 56 países representam grande parte da população mundial.
O Governo dos Estados Unidos, que produziu o relatório com ajuda de centenas de diplomatas em todo o mundo, sobre o estado da liberdade religiosa em quase 200 países e territórios durante todo o ano de 2020, apontou o dedo ao Irão, Myanmar e Rússia.
Ao Irão por "continuar a intimidar, assediar e prender membros de grupos religiosos minoritários", a Myanmar porque os líderes do golpe militar "são responsáveis por uma limpeza étnica e outras atrocidades contra [a minoria] rohingya" e à Rússia por as autoridades "assediarem, deterem e confiscarem propriedades de testemunhas de Jeová, sob o pretexto de alegado extremismo".
A China e a Arábia Saudita também foram indicadas como alguns dos países mais preocupantes do mundo no que concerne a violações do direito à religião.
"A China criminaliza largamente a expressão de religiosidade e continua a cometer crimes contra a humanidade e genocídios contra muçulmanos uigures", declarou Antony Blinken, que anunciou ainda a designação de um membro do Partido Comunista Chinês, Yu Hui, por envolvimento em violações graves dos direitos humanos, proibindo o indivíduo e a família de entrar nos Estados Unidos.
A Arábia Saudita, indicou o secretário de Estado, "permanece o único país do mundo sem uma igreja cristã, apesar de haver mais de um milhão de cristãos a viver no país".
Outro exemplo de violações ao direito à liberdade religiosa foi o da Nigéria, "onde a blasfémia é punida com prisão ou sentenças de morte, mas o Governo ainda não levou ninguém à justiça pelo massacre militar de centenas de muçulmanos xiitas em 2015".
Sendo que o relatório se debruçou sobre o ano de 2020, não incluiu as condenações dos EUA sobre a violência entre Israel e Palestina, mas o assunto foi abordado na conferência de apresentação do relatório.
O secretário de Estado adjunto para assuntos de Israel e Palestina, Hady Amr, vai viajar com urgência para a região para conversar com líderes e representantes e para continuar a defender a solução de dois Estados.
Antony Blinken declarou que o antissemitismo voltou a crescer em todo o mundo no ano de 2020 e denunciou ser "uma ideologia perigosa e (...) ligada à violência", assim como se expandiu o "ódio aos muçulmanos", que se tornou num "problema sério para os EUA e Europa".
Blinken acrescentou que Sudão e Turquemenistão fizeram passos positivos em libertar presos religiosos ou anular leis de restrição ao direito.
Como todos os direitos humanos, a liberdade religiosa é universal, "não importa no que as pessoas acreditam ou não acreditam", disse o chefe do Departamento de Estado.
"Quando os Governos violam o direito de acreditar e venerar a religião livremente, põem em casa os outros direitos humanos" sendo a liberdade religiosa um elemento chave para uma sociedade aberta e estável, declarou o secretário de Estado norte-americano.
Os desafios à liberdade são "estruturais, sistémicos e profundamente enraizados", sustentou na mesma conferência de apresentação o diretor do Escritório para a Liberdade Religiosa Internacional do Departamento de Estado norte-americano, Daniel Nadel.
As conclusões do relatório, segundo Daniel Nadel, encorajam os Governos estrangeiros a consultar com comunidades e líderes religiosos dos seus países e incluir estes representantes de diferentes religiões em decisões, leis e políticas.
Nenhuma sociedade é imune à discriminação, pelo que a "educação e programas focados na juventude são vitais" para promover pluralidade, acrescentou o responsável do Escritório para a Liberdade Religiosa Internacional.
"Temos de estar vigilantes para anúncios prévios do que podem ser atrocidades em massa em todo o mundo", destacou Daniel Nadel, antes de também denunciar os genocídios pelo Estado Islâmico, as "atrocidades em massa e limpeza étnica" pelos militares birmaneses e os "crimes contra a humanidade" na China.
Para o responsável, "o imperativo moral é claro" para os Estados Unidos, que pretendem liderar a liberdade religiosa em todo o mundo ao proteger os direitos da Carta de Direitos Humanos e partilhar experiências com outros, dando contributos para a paz e estabilidade de outros países.
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