"O pedido é feito por um tribunal cujo presidente, Maickel Moreno, já foi sancionado pela Europa por ter sido responsável por distorcer o Estado de direito e por atos de corrupção. O procurador que fez o pedido, Tarek William Saab, está também sancionado pelos Estados Unidos e pelos países da América Latina", referiu Leopoldo López, após um encontro com o líder do Partido Social Democrata português (PSD), Rui Rio.
"Este pedido de extradição é total e absolutamente político", vincou López, que considerou que a ação foi decidida pelo "supremo tribunal de injustiça" da Venezuela.
Na terça-feira, o STJ anunciou que iria pedir a Espanha a "extradição ativa" de Leopoldo López para "o fiel cumprimento do restante de sua condenação em território venezuelano, que oito anos, seis meses, 25 dias e 12 horas, por ter sido condenado pela prática dos crimes de determinador no crime de incêndio, no crime de dano, e autor do crime de instigação pública e associação".
López disse estar "convencido" de que a decisão não deveria "sequer ser admitida por qualquer instância em Espanha ou na Europa", uma vez que estes "não reconhecem como legítimo" o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, o parlamento ou qualquer "instituição ilegítima da Venezuela".
"Seria uma contradição" aceitar "um pedido de extradição de uma instituição que consideram ilegítima e cujos membros são sancionados pela União Europeia", sublinhou.
Em 17 de fevereiro último, Maduro acusou Espanha de falta de coragem para deter o membro da oposição Leopoldo López, atualmente residente em Madrid, apesar de alegadas provas de delitos cometidos durante 20 anos na Venezuela.
López abordou também a proposta feita por Guaidó, também na terça-feira, que propôs um "acordo de salvação nacional" entre as "forças democráticas" e o Governo de Nicolás Maduro que inclua um calendário para eleições livres e o levantamento progressivo de sanções internacionais.
"Estamos a apresentar aos países da região, aos Estados Unidos e também aos países da Europa, para que acompanhem esta proposta de uma solução acordada e íntegra que possa dar uma resposta aos problemas que nós, venezuelanos, temos", assinalou Leopoldo López.
Após o encontro com o líder social-democrata, Leopoldo López reforçou também o facto de "milhões de venezuelanos" terem abandonado o país.
"Hoje somos milhões de pessoas na América Latina e em todo o mundo e esperamos regressar ao nosso país. E para regressar à Venezuela precisamos do apoio do mundo", disse, acrescentando que acredita que "a Europa estará do lado da liberdade e da democracia" e que espera "o apoio decisivo da Europa".
Rui Rio defendeu que "enquanto não mudar o regime [na Venezuela], ou, pelo menos enquanto não houver eleições verdadeiramente livres e democráticas, não há qualquer esperança de mudar o que quer que seja" no país, em particular "a nível social".
"O PSD não só apoia esta luta, como instiga também o próprio Governo português, no quadro europeu, a ajudar a Venezuela a fazer o caminho que se impõe, desde logo por razões humanitárias, mas democráticas, também", afirmou o líder social-democrata.
Político e economista, Leopoldo Eduardo López Mendoza, 50 anos, é coordenador do partido opositor venezuelano Vontade Popular.
Antes de se refugiar na embaixada, López fugiu da sua casa, onde permanecia em prisão domiciliária, e apareceu publicamente em Altamira (leste de Caracas) junto a Juan Guaidó e vários militares, apelando, sem sucesso, à população para sair às ruas a derrubar o Governo venezuelano.
Em 18 de fevereiro de 2014, Leopoldo López entregou-se às autoridades venezuelanas, depois de um tribunal de Caracas ordenar a sua prisão por alegadamente instigar à violência, por ser uma das pessoas que convocaram uma manifestação que terminou com três mortos e dezenas de feridos seis dias antes.
López foi para uma prisão militar, acusado por instigação pública, associação criminosa, danos à propriedade e incêndio, e acabou condenado em setembro de 2015 a quase 14 anos de prisão, que cumpria em domiciliária.
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