Myanmar: Libertado jornalista japonês detido pela junta militar

A junta militar em Myanmar (antiga Birmânia) libertou o jornalista japonês que estava detido sob a acusação de espalhar "notícias falsas" na cobertura de protestos contra o golpe de Estado, anunciou hoje o Governo japonês.

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© STR/AFP via Getty Images

Lusa
14/05/2021 06:21 ‧ 14/05/2021 por Lusa

Mundo

Golpe

 

As autoridades nipónicas esperam que o jornalista seja deportado em breve.

O repórter freelance Yuki Kitazumi, 45 anos, foi detido no seu apartamento em Rangum a 18 de abril e enfrentava uma possível pena de prisão até três anos por alegados crimes de espalhar "notícias falsas" e por apoiar o movimento de desobediência civil contra o golpe militar, mas as autoridades anunciaram que as acusações foram retiradas.

"Temos estado a trabalhar ativamente através de vários canais e a vários níveis com Myanmar para que fosse libertado o mais rapidamente possível. Como resultado, as autoridades birmanesas anunciaram a retirada das acusações e a sua libertação", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Toshimitsu Motegi, durante uma comissão parlamentar.

A embaixada japonesa em Rangum está a ajudar no seu regresso ao Japão, acrescentou Motegi, observando que "se tudo correr bem, ele poderá chegar hoje".

O jornal oficial birmanês Global New Light of Myanmar noticiou hoje que embora o jornalista japonês tivesse violado algumas leis, a decisão foi tomada "tendo em conta as relações cordiais entre a Birmânia e o Japão e tendo em vista as futuras relações bilaterais".

Motegi disse que a libertação de Kitazumi lhes tinha "custado caro" e apelou a Myanmar "para pôr imediatamente termo à violência, libertar os detidos e restaurar o sistema político democrático".

A libertação do jornalista japonês ocorre no meio de uma repressão maciça por parte da junta militar sobre os meios de comunicação independentes e a liberdade de expressão.

Um jornalista birmanês foi condenado na quarta-feira a três anos de prisão pela sua cobertura dos protestos na sequência do golpe de Estado em Myanmar.

Min Nyo, de 51 anos, que trabalhava para a DVB (Voz Democrática da Birmânia), foi detido a 03 de março na região de Bago, uma das províncias com o maior número de vítimas da brutal repressão das forças de segurança.

Segundo o DVB, o jornalista não teve acesso a um advogado durante o julgamento e durante a sua detenção foi violentamente espancado pela polícia, deixando-o com ferimentos graves.

Min Nyo foi condenado por violar um artigo do código penal que prevê uma pena até três anos de prisão por qualquer tentativa de "impedir, perturbar, prejudicar a motivação, disciplina, saúde e conduta de soldados e funcionários públicos" e "promover ódio, desobediência ou deslealdade para com os militares e Governo".

Esta condenação é a primeira pena de prisão para uma jornalista desde o golpe de Estado de 01 de fevereiro, quando os militares tomaram o poder do Governo democrático de Aung San Suu Kyi.

A junta militar deteve mais de 40 jornalistas, emitiu mandados de captura para cerca de 20, retirou as licenças de dezenas de órgãos de comunicação social, incluindo o DVB, e continua a perseguir aqueles que noticiam manifestações contra o comando militar.

Um dos jornalistas que enfrenta um mandado de captura é Mratt Kyaw Thu, correspondente em Rangum da agência noticiosa espanhola Efe, que conseguiu deixar o país e pedir asilo na Alemanha.

A maioria dos jornalistas birmaneses vive agora escondida no interior do país ou saiu para o estrangeiro, enquanto continuam a noticiar diariamente a repressão das forças de segurança em Myanmar.

Pelo menos 785 pessoas foram mortas no país como resultado da resposta violenta das forças de segurança a manifestações pacíficas, de acordo com números da Associação para a Assistência aos Prisioneiros Políticos.

Leia Também: Myanmar: Jornalista condenado a três anos de prisão por cobrir protestos

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