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AI pede investigação do TPI a possíveis crimes de guerra em Gaza e Israel

A Amnistia Internacional disse hoje que ataques israelitas contra edifícios residenciais em Gaza e o lançamento de foguetes por palestinianos podem ser considerados "crimes de guerra ou crimes conta a humanidade" e pediu uma investigação do Tribunal Penal Internacional.

AI pede investigação do TPI a possíveis crimes de guerra em Gaza e Israel
Notícias ao Minuto

13:39 - 18/05/21 por Lusa

Mundo Médio Oriente

Num comunicado, a AI indica que "as forças israelitas demonstraram um desprezo chocante pelas vidas de civis palestinianos, realizando uma série de ataques aéreos contra edifícios residenciais (...) em ataques que podem equivaler a crimes de guerra ou crimes contra a humanidade".

A organização de defesa dos direitos humanos precisa que "em alguns casos" morreram "famílias inteiras, incluindo crianças" e foi causada "destruição gratuita de propriedades civis", adiantando que documentou "quatro ataques mortais (...) lançados contra residências sem aviso prévio" e pedindo ao Tribunal Penal Internacional para que "investigue com urgência esses ataques".

Do mesmo modo, o TPI também deve "investigar como crimes de guerra" os "disparos indiscriminados" de foguetes de grupos armados palestinianos contra "áreas civis de Israel", que "também mataram e feriram civis e danificaram casas e outras propriedades de civis", refere, assinalando que o uso de armas que são imprecisas como é o caso dos foguetes disparados a partir de Gaza viola a lei humanitária internacional.

Segundo a AI, pelo menos 198 palestinianos, incluindo 58 crianças, morreram e mais de 1.220 ficaram feridos desde o início dos combates entre forças israelitas e grupos armados palestinianos na Faixa de Gaza no passado dia 10. Do lado de Israel morreram 10 pessoas, incluindo duas crianças, e pelo menos 27 ficaram feridas.

Saleh Higazi, diretor adjunto para o Médio Oriente e Norte de África da AI, considera que "há um padrão horrível que emerge, de Israel lançando ataques aéreos em Gaza visando edifícios residenciais e casas de famílias", recordando que a lei internacional humanitária exige que as partes em conflito distingam entre alvos militares e civis e tomem "todas as precauções possíveis para minimizar os danos aos civis".

"Não é possível usar armas explosivas de grande porte, como bombas de aviões que têm um raio de explosão de muitas centenas de metros, em áreas povoadas sem prever um grande número de vítimas civis", assinala Higazi, citado no comunicado.

Segundo o Centro para os Direitos Humanos Al Mezan, sediado em Gaza, "pelo menos 152 propriedades residenciais" foram destruídas desde 11 de maio.

O Ministério das Obras Públicas e Habitação em Gaza deu conta de 94 edifícios destruídos, incluindo 461 casas e lojas, e de 285 habitações que ficaram inabitáveis no enclave palestiniano devido aos ataques israelitas.

O Gabinete para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA) das Nações Unidas indicou, por seu turno, que mais de 2.500 pessoas ficaram desalojadas devido à destruição das suas casas e mais de 38.000 foram deslocados e acolhidos em 40 escolas da agência da ONU de assistência aos refugiados palestinianos (UNRWA) em todo o enclave.

Desde 10 de maio que Israel tem bombardeado de modo sistemático a Faixa de Gaza, controlada pelo movimento islamita Hamas, enquanto grupos armados no enclave palestiniano dispararam milhares de foguetes contra território israelita.

Os combates da última semana começaram após semanas de tensões entre israelitas e palestinianos em Jerusalém Oriental, também relacionadas com despejos de palestinianos de Cheikh Jarrah, que culminaram com confrontos na Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar sagrado do Islão, junto ao local mais sagrado do judaísmo.

A AI sugeriu hoje à União Europeia e aos seus Estados membros para apoiarem um embargo de armas a Israel e a grupos armados palestinianos visando acabar com a violência na zona.

Os chefes da diplomacia dos 27 reúnem-se hoje de urgência para "coordenar e discutir a maneira como a UE pode contribuir para pôr fim à violência atual" entre israelitas e palestinianos.

Leia Também: Portugal quer "que Israel pare" e se criem "condições de convivência"

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