UE fará tudo para apoiar Espanha em momentos difíceis como de Ceuta
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse hoje que a União Europeia (UE) fará "tudo o necessário" para apoiar Espanha em "momentos difíceis" como o verificado hoje em Ceuta, território espanhol no norte de Marrocos.
© Reuters
Mundo Ceuta
"Um elevado número de migrantes, sem precedentes em apenas um dia -- estamos a falar de 6.000 pessoas -- chegaram hoje à Europa, a Espanha, a nado, muitos deles são crianças e muitos tiveram de ser resgatados e, infelizmente, há a lamentar pelo menos uma vítima", afirmou Josep Borrell.
Falando em conferência de imprensa em Bruxelas, no final de uma reunião informal dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, o Alto Representante para a política externa vincou que "Ceuta é a fronteira europeia com Marrocos", pelo que "a UE fará o necessário para apoiar Espanha neste momento difícil".
"A maior prioridade é evitar que haja mortes de migrantes e devolver a normalidade a Ceuta, gravemente perturbada por estes acontecimentos", acrescentou o chefe da diplomacia europeia.
Apesar de a reunião de hoje dos ministros europeus ter sido convocada de emergência para discutir a escalada de violência na Faixa de Gaza entre israelitas e palestinianos, o desastre hoje verificado com migrantes em Ceuta também dominou a agenda.
Nestas declarações aos jornalistas, Josep Borrell apontou que já falou com o chefe de Governo espanhol, Pedro Sánchez, "para expressar a plena solidariedade europeia e o apoio da UE a Espanha".
O responsável salientou ainda que "a UE tem uma muito sólida e estratégica associação com Marrocos, uma relação de amizade e cooperação que se consolidou ao longo dos anos e em momentos como estes há que reforçar essa cooperação".
As ruas de Ceuta, território espanhol no norte de Marrocos, amanheceram hoje com um ambiente diferente da rotina habitual, com milhares de imigrantes procedentes do território marroquino a deambularem pelos bairros da cidade, segundo descreveram as agências internacionais.
Desde segunda-feira, cerca de 6.000 migrantes (incluindo 1.500 menores), um número "recorde" segundo as autoridades espanholas, entraram ilegalmente em Ceuta, a nado, com recurso a embarcações insufláveis ou através de tentativas para trepar as altas cercas fronteiriças que separam este enclave espanhol do território marroquino.
Nas últimas horas, o Governo espanhol anunciou a deportação, até ao momento, de cerca de 2.700 migrantes (adultos) para Marrocos, tendo ainda mobilizado várias unidades do exército espanhol e de outras forças de segurança para Ceuta para controlar as ruas da cidade e a zona de fronteira.
Uma grande parte dos migrantes que chegaram na segunda-feira pernoitaram em parques ou em qualquer espaço que encontrassem disponível em Ceuta, cidade com quase 85 mil habitantes, e gastaram parte do seu dinheiro em garrafas de água, pão ou tabaco.
Para acolher este número recorde de migrantes, nomeadamente os adultos e antes da deportação, as autoridades locais disponibilizaram o principal estádio de futebol de Ceuta.
Já os migrantes que são identificados como menores de idade estão a ser enviados para armazéns administrados pela Cruz Vermelha e por outras organizações.
Espanha não concede aos cidadãos marroquinos o estatuto de requerentes de asilo, e apenas permite que crianças migrantes não acompanhadas permaneçam legalmente no país sob supervisão governamental.
Ceuta e Melilla são as únicas fronteiras terrestres da UE com África e, em 2020, 2.228 migrantes optaram por cruzar estes dois enclaves espanhóis, por mar ou por terra, muitas vezes correndo o risco de morte ou de sofrer ferimentos.
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