"Nós dissemos que estávamos à espera de apoio, não dissemos qual apoio, que tipo de apoio", afirmou Verónica Macamo, em declarações aos jornalistas.
Macamo falava à margem da IV sessão do Comité Central (CC) da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, que se realiza hoje e domingo na cidade da Matola, arredores de Maputo.
A chefe da diplomacia moçambicana avançou que, no momento oportuno, o Governo moçambicano vai especificar o tipo de ajuda que quer da comunidade internacional na luta contra os grupos armados que protagonizam ataques em Cabo Delgado.
"Nessa altura, vamos decidir qual vai ser exatamente o apoio [a aceitar] em função das propostas que recebermos", frisou.
Verónica Macamo sublinhou que a África Austral e o continente africano, no geral, precisam de adotar uma estratégia forte contra o terrorismo para evitar o seu alastramento.
"É importante que o mundo todo esteja junto no combate a este grande mal, mas, particularmente, a África Austral, porque está com este problema", destacou.
Quem protagoniza ou defende o extremismo violento, prosseguiu, precisa de saber que não tem espaço na África Austral e em África, sendo confrontado com uma resposta robusta.
A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana disse acreditar que o país vai "conhecer melhores dias", após esta fase de violência provocada por grupos armados que atuam no norte do país.
O chefe de Estado moçambicano anunciou hoje a realização, na próxima semana, de uma cimeira da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) para debate da violência "terrorista" na província de Cabo Delgado, enfatizando o imperativo do apoio internacional na luta contra a insurgência.
Filipe Nyusi falava na abertura da IV sessão do CC do partido no poder, do qual também é presidente.
Peritos militares mandatados pela SADC recomendaram o destacamento de cerca de três mil militares da região para o apoio a Moçambique no combate à insurgência na região norte, alertando para o risco do alastramento da violência no território e na sub-região.
Grupos armados aterrorizam Cabo Delgado desde 2017, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo 'jihadista' Estado Islâmico, numa onda de violência que já provocou mais de 2.500 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e 714.000 deslocados, de acordo com o Governo moçambicano.
O mais recente ataque foi feito em 24 de março contra a vila de Palma, provocando dezenas de mortos e feridos, num balanço ainda em curso.
As autoridades moçambicanas recuperaram o controlo da vila, mas o ataque levou a petrolífera Total a abandonar por tempo indeterminado o recinto do projeto de gás com início de produção previsto para 2024 e no qual estão ancoradas muitas das expectativas de crescimento económico de Moçambique na próxima década.