Vários países europeus exigiram hoje uma "explicação imediata" da Bielorrússia, depois de um caça bielorrusso ter intercetado um avião no qual seguia o jornalista e ativista da oposição Roman Protasevich.
O homem acabou detido no aeroporto de Minsk.
"Precisamos de uma explicação imediata do governo bielorrusso sobre o desvio dentro da União Europeia de um voo da Ryanair para Minsk e a alegada prisão de um jornalista", afirmou o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros alemão, Miguel Berger, na rede social Twitter.
We need an immediate explanation by the Government of #Belarus on the diversion of a Ryan Air flight within the EU to Minsk and the alleged detention of a journalist.
— Miguel Berger (@MiguelBergerAA) May 23, 2021
No mesmo sentido, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Jean-Yves Le Drian, denunciou a gravidade da situação e apelou a uma "resposta firme" dos 27 estados-membros da União Europeia (UE). "O sequestro de um voo Ryanair pelas autoridades bielorrussas é inaceitável. Uma resposta firme e unida dos europeus é essencial", declarou no Twitter líder da diplomacia francesa.
Le détournement par les autorités biélorusses d’un vol de @Ryanair est inacceptable. Une réponse ferme et unie des Européens est indispensable. Tous les passagers de ce vol, dont les opposants biélorusses éventuels, doivent être autorisés sans délai à quitter la #Biélorussie.
— Jean-Yves Le Drian (@JY_LeDrian) May 23, 2021
Roman Protasevich, cujo canal Nexta na rede social Telegram se tornou a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020, viajava de Atenas para Vilnius e acabou detido pelas autoridades bielorrussas, quando os cerca de 120 passageiros do avião da Ryanair foram forçados a submeter-se a novo controlo em Minsk devido a um suposto aviso de bomba.
O ministro lituano dos Negócios Estrangeiros, Gabrielius Landsbergis, recorreu também ao Twitter para apelidar o desvio do avião uma "notícia perturbadora". Já o Presidente da Lituânia, Gitanas Nauseda, exigiu a libertação imediata do jornalista e ativista da oposição bielorrussa.
Working to establish the nationalities of all travellers on the @Ryanair plane.
— Gabrielius Landsbergis (@GLandsbergis) May 23, 2021
Por sua vez, o primeiro-ministro polaco, Mateusz Morawiecki, considerou a detenção do jornalista bielorrusso um "ato de terrorismo de Estado" e assumiu no Twitter ter pedido ao presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, para a UE discutir "sanções imediatas" contra a Bielorrússia já na segunda-feira.
I condemn in the strongest terms the detention of Roman Protasevich by Belarussian authorities, after a Ryanair passenger aircraft was hijacked. This is a reprehensible act of state terrorism.
— Mateusz Morawiecki (@MorawieckiM) May 23, 2021
A reação da UE surgiu, entretanto, por via do chefe da diplomacia, Josep Borrell, que considerou o governo bielorrusso "responsável pela segurança de todos os passageiros", exigindo que estes possam ser "autorizados a continuar a sua viagem imediatamente".
We hold the government of Belarus responsable for the security of all passengers and the aircraft.
— Josep Borrell Fontelles (@JosepBorrellF) May 23, 2021
ALL passengers must be able to continue their travel immediately. (2/2)
No entanto, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, reiteraram o mesmo apelo.
It is utterly unacceptable to force @Ryanair flight from Athens to Vilnius to land in Minsk.
— Ursula von der Leyen (@vonderleyen) May 23, 2021
ALL passengers must be able to continue their travel to Vilnius immediately and their safety ensured.
Any violation of international air transport rules must bear consequences.
Very concerned regarding reports of a forced landing of #Ryanair flight in Minsk.
— Charles Michel (@eucopresident) May 23, 2021
We call on Belarus authorities to immediately release the flight and all its passengers.
An #ICAO investigation of the incident will be essential.
Através do Telegram, o canal Nexta defendeu que foram os agentes dos serviços secretos bielorrussos que alertaram para a existência de um alegado engenho explosivo no interior do avião. Fontes próximas da presidência relataram que foi o presidente Alexander Lukashenko quem ordenou pessoalmente a interceção do avião, que foi escoltado por um caça MiG-19, a fim de supostamente defender a Europa de uma ameaça à sua segurança.
Em novembro de 2020, o Comité de Investigação acusou Protasevich e Stepan Putilo, fundadores do canal Nexta, de organizarem motins e incitarem ao ódio contra funcionários e a polícia. Na sequência dessa acusação, os dois elementos foram incluídos na lista de terroristas e o poder judicial bielorrusso considerou a Nexta uma organização extremista.
Desde o início dos protestos na antiga república soviética, centenas de jornalistas foram detidos e quase 20 estão ainda presos. Já esta semana foram detidos vários funcionários e repórteres do popular website da oposição tut.by, cujo acesso foi bloqueado no âmbito de um caso de evasão fiscal.
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