António Guterres falava na abertura da Assembleia Mundial da Saúde num momento em que a Índia se torna o terceiro país a cruzar a barreira dos 300.000 mortos.
A pandemia já matou pelo menos 3.465.398 - número que pode ir, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para "cerca de 6 a 8 milhões" de mortes diretas e indiretas - e contaminou 166.741.960 pessoas no mundo desde o final de 2019, de acordo com o relatório elaborado pela AFP.
"Estamos em guerra com um vírus. Precisamos da lógica e da urgência de uma economia de guerra", disse Antonio Guterres em Genebra (Suíça).
O Diretor Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, por sua vez, gostaria que 10% dos habitantes de cada país fossem vacinados até setembro, criticando o que facto de um "pequeno grupo de países" monopolizar as vacinas.
A pandemia, de origem ainda questionada, também matou pelo menos 115 mil profissionais de saúde, segundo o chefe da OMS.
A China, onde a pandemia começou e que sempre negou veementemente que o Covid-19 pudesse ter escapado de um de seus laboratórios, negou hoje as afirmações do Wall Street Journal segundo as quais três investigadores do Instituto de Virologia de Wuhan, uma cidade no centro do país que já foi o epicentro da epidemia, sofreram de uma doença semelhante à de Covid que exigiu tratamento hospitalar em novembro de 2019.
Além das questões de saúde a pandemia destruiu cerca de 500 milhões de empregos.
"Os mais vulneráveis são os que mais sofrem, e temo que isso esteja longe de terminar", disse António Guterres.
O secretário-geral da ONU pediu ao G20 que crie um grupo de trabalho para as vacinas, alertando que novos surtos podem "desacelerar a recuperação económica global".
Na Ásia, a Índia, onde o coronavírus ceifa muito mais vidas do que o anunciando oficialmente, de acordo com muitos especialistas, tornou-se o terceiro país a ultrapassar 300.000 mortes depois dos Estados Unidos e do Brasil, com mais de 26,7 milhões de contaminações.
O Japão, que enfrenta uma quarta onda do vírus, abriu hoje os primeiros vacinódromos para acelerar a sua muito criticada campanha de vacinação lenta, a menos de dois meses das Olimpíadas de Tóquio (23 de julho a 8 de agosto).
Apenas 2% da população do Japão recebeu as duas doses da vacina, contra 40% nos Estados Unidos ou 15% na França.
Em contrapartida, na Europa, Malta é o campeão da União Europeia em vacinações: o menor país da UE (500.000 habitantes) terá injetado uma primeira dose em 70% de sua população e estima ter já atingido a 'imunidade coletiva '.
A União Europeia, com as fronteiras externas encerradas desde março de 2020 para viagens "não essenciais", deve estabelecer no dia 9 de junho, segundo Paris, a lista de países extra-europeus cujos nacionais totalmente vacinados, com soros autorizados a nível europeu, possam entrar livremente com o passe de saúde com o qual os 27 concordaram na quarta-feira.
Para o Reino Unido (quinto país mais enlutado do mundo, com 127.721 mortos), a França estuda medidas restritivas vinculadas à circulação da variante indiana, o que já pressionou a Alemanha a impor restrições aos viajantes vindos deste país com uma quarentena de duas semanas.
A Espanha está a receber turistas britânicos, sem testes de PCR, assim como os da Austrália, China, Coreia do Sul, Israel, Japão, Nova Zelândia, Ruanda, Singapura, Tailândia, Hong Kong e Macau.
Seguindo os passos da Grécia, a Espanha pretende acolher, a partir de 7 de junho, "todas as pessoas vacinadas" independentemente do seu país de origem.
Depois da Europa (1.122.934 mortes), a América Latina e o Caribe, por sua vez, ultrapassaram um milhão de mortes na sexta-feira (1.009.016 mortes na segunda-feira).
No Haiti, as autoridades declararam hoje o estado de emergência sanitária por oito dias, com toque de recolher e uso de máscaras em locais públicos, face ao aumento do número de casos de Covid-19, após a deteção de variantes inglesas e brasileiras.
No Oriente Médio, Israel planeia suspender todas as restrições de saúde no seu território a partir de 01 de junho, pela primeira vez desde o surto do vírus. As restrições de entrada para viajantes permanecerão e podem até ser aumentadas devido às variantes.
Leia Também: Bielorrússia. Guterres apoia investigação "transparente e independente"