A irmã, Bridget, e outros membros da família do afro-americano juntaram-se ao presidente da Câmara de Minneapolis, Jacob Frey, a cidadãos e ativistas num parque no centro da cidade para assistir ao momento às 13:00 locais (19:00 em Lisboa).
Esse foi o horário estabelecido pelo governador do Estado de Minnesota, Tim Walz, numa proclamação na qual disse que "a verdadeira justiça" para Floyd só poderia acontecer com o desmantelamento do racismo sistémico.
"Foi um ano preocupante, um longo ano. Mas nós conseguimos. Dizem que com Deus todas as coisas são possíveis e eu acredito nisso. O amor está a jorrar aqui. O George está aqui", declarou a irmã, Bridgett Floyd, perante a multidão.
Um momento de silêncio foi também realizado em Nova Iorque e em Los Angeles aconteceu um comício em memória do afro-americano, que teve ainda homenagens por todo o mundo, incluindo na Grécia, Espanha e Alemanha.
Um festival de rua para toda a família estava planeado para ter lugar no cruzamento onde o afro-americano morreu às mãos do agente da polícia branco Derek Chauvin, mas horas antes um tiroteio feriu uma pessoa perto do local agora conhecido como "Praça George Floyd".
A polícia referiu que um homem apareceu mais tarde num hospital próximo com um ferimento de bala e o porta-voz John Elder disse que as autoridades acreditam que foi ferido durante o tiroteio na praça, estando em estado crítico, mas a expectativa é de que sobreviva aos ferimentos.
Apesar de testemunhas terem relatado ter visto um veículo a sair da área em alta velocidade, até agora a polícia não tem ninguém sob custódia.
Como outras grandes cidades, Minneapolis tem lutado com o aumento da violência armada, um problema que tem piorado, em parte, pela saída de agentes que deixaram a polícia desde a morte de Floyd.
Uma menina de seis anos foi morta a tiro e duas outras crianças ficaram feridas nas últimas semanas.
O cruzamento da rua 38 com a avenida Chicago foi desde logo barricado após a morte de Floyd e transformado em memorial, a praça estava a ser transformada num festival ao ar livre para marcar o aniversário da sua morte, com comida, atividades para crianças e vários músicos.
"Vamos transformar o luto em dança. Vamos celebrar 365 dias de força na cara da injustiça", escreveu o 'rapper' Nur-D.
A celebração "Rise and Remember George Floyd" ("Eleva-te e Relembra George Floyd") culmina vários dias de marchas, comícios e painéis de discussão sobre a sua morte e o papel dos Estados unidos do combate à discriminação racial.
O advogado da família Floyd, Ben Crump, espera que o Presidente norte-americano, Joe Biden, renove o seu apoio à reforma da polícia com o nome de George Floyd, que proibiria estrangulamentos e invasões domiciliares policiais sem aviso prévio e criaria um registo nacional para polícias punidos por más condutas graves.
"Agora é a hora de agir. Não apenas falar, mas agir", sublinhou hoje o advogado à CNN.
O irmão de Floyd, Philonise, apareceu ao lado de Crump dizendo que pensa em George "o tempo todo".
"A minha irmã ligou-me à meia-noite e disse 'Este foi o dia que o nosso irmão nos deixou'. As coisas mudaram. Estão a ir devagar, mas estamos a fazer progressos", apontou.
Nur-D, cujo nome verdadeiro é Matt Allen, foi para as ruas de Minneapolis dias após a morte de Floyd, regularmente fornecendo assistência médica a manifestantes baleados ou gaseados em confrontos com a polícia, tendo acabado por fundar uma organização, Justice Frontline Aid, para apoiar protestos seguros.
O 'rapper' descreveu o último ano como se tivesse "vivido 20 anos dentro de um" e disse esperar que as pessoas sentissem "honestidade um sentimento real de união" durante a celebração de hoje.
"Se estás com raiva, podes estar chateado. Se estás triste, podes ficar triste. Se estás a sentir alguma alegria com o veredito e algum tipo de passo na direção certa e queres comemorar isso, faz isso também", afirmou numa entrevista posterior.
A morte de Floyd desencadeou a maior vaga de protestos e distúrbios antirracismo nos Estados Unidos desde a década de 1960 do século passado, após o assassinato de Martin Luther King, reivindicando "justiça para Floyd" e o fim da brutalidade policial contra as minorias raciais.
Chauvin, que pressionou com o seu joelho o pescoço de Floyd durante mais de nove minutos, foi considerado culpado, em abril passado, das três acusações que enfrentava: assassinato involuntário em segundo grau, com pena até 40 anos de prisão; assassinato de terceiro grau, com condenação máxima de 25 anos, e homicídio involuntário em segundo grau, que implica até dez anos de privação de liberdade.
Pelo facto de não ter antecedentes penais, apenas poderá ser condenado a um máximo de 12 anos e meio de prisão por cada uma das duas primeiras acusações, e a quatro anos pela terceira. A leitura da sentença terá lugar em 25 de junho.