Momento de silêncio marca um ano desde a morte de George Floyd

George Floyd foi hoje homenageado com um momento de silêncio na cidade onde morreu às mãos de um polícia, uma morte registada em vídeo que galvanizou um movimento de justiça social que continua a provocar ondas um ano depois.

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© Reuters

Lusa
25/05/2021 20:40 ‧ 25/05/2021 por Lusa

Mundo

George Floyd

 

A irmã, Bridget, e outros membros da família do afro-americano juntaram-se ao presidente da Câmara de Minneapolis, Jacob Frey, a cidadãos e ativistas num parque no centro da cidade para assistir ao momento às 13:00 locais (19:00 em Lisboa).

Esse foi o horário estabelecido pelo governador do Estado de Minnesota, Tim Walz, numa proclamação na qual disse que "a verdadeira justiça" para Floyd só poderia acontecer com o desmantelamento do racismo sistémico.

"Foi um ano preocupante, um longo ano. Mas nós conseguimos. Dizem que com Deus todas as coisas são possíveis e eu acredito nisso. O amor está a jorrar aqui. O George está aqui", declarou a irmã, Bridgett Floyd, perante a multidão.

Um momento de silêncio foi também realizado em Nova Iorque e em Los Angeles aconteceu um comício em memória do afro-americano, que teve ainda homenagens por todo o mundo, incluindo na Grécia, Espanha e Alemanha.

Um festival de rua para toda a família estava planeado para ter lugar no cruzamento onde o afro-americano morreu às mãos do agente da polícia branco Derek Chauvin, mas horas antes um tiroteio feriu uma pessoa perto do local agora conhecido como "Praça George Floyd".

A polícia referiu que um homem apareceu mais tarde num hospital próximo com um ferimento de bala e o porta-voz John Elder disse que as autoridades acreditam que foi ferido durante o tiroteio na praça, estando em estado crítico, mas a expectativa é de que sobreviva aos ferimentos.

Apesar de testemunhas terem relatado ter visto um veículo a sair da área em alta velocidade, até agora a polícia não tem ninguém sob custódia.

Como outras grandes cidades, Minneapolis tem lutado com o aumento da violência armada, um problema que tem piorado, em parte, pela saída de agentes que deixaram a polícia desde a morte de Floyd.

Uma menina de seis anos foi morta a tiro e duas outras crianças ficaram feridas nas últimas semanas.

O cruzamento da rua 38 com a avenida Chicago foi desde logo barricado após a morte de Floyd e transformado em memorial, a praça estava a ser transformada num festival ao ar livre para marcar o aniversário da sua morte, com comida, atividades para crianças e vários músicos.

"Vamos transformar o luto em dança. Vamos celebrar 365 dias de força na cara da injustiça", escreveu o 'rapper' Nur-D.

A celebração "Rise and Remember George Floyd" ("Eleva-te e Relembra George Floyd") culmina vários dias de marchas, comícios e painéis de discussão sobre a sua morte e o papel dos Estados unidos do combate à discriminação racial.

O advogado da família Floyd, Ben Crump, espera que o Presidente norte-americano, Joe Biden, renove o seu apoio à reforma da polícia com o nome de George Floyd, que proibiria estrangulamentos e invasões domiciliares policiais sem aviso prévio e criaria um registo nacional para polícias punidos por más condutas graves.

"Agora é a hora de agir. Não apenas falar, mas agir", sublinhou hoje o advogado à CNN.

O irmão de Floyd, Philonise, apareceu ao lado de Crump dizendo que pensa em George "o tempo todo".

"A minha irmã ligou-me à meia-noite e disse 'Este foi o dia que o nosso irmão nos deixou'. As coisas mudaram. Estão a ir devagar, mas estamos a fazer progressos", apontou.

Nur-D, cujo nome verdadeiro é Matt Allen, foi para as ruas de Minneapolis dias após a morte de Floyd, regularmente fornecendo assistência médica a manifestantes baleados ou gaseados em confrontos com a polícia, tendo acabado por fundar uma organização, Justice Frontline Aid, para apoiar protestos seguros.

O 'rapper' descreveu o último ano como se tivesse "vivido 20 anos dentro de um" e disse esperar que as pessoas sentissem "honestidade um sentimento real de união" durante a celebração de hoje.

"Se estás com raiva, podes estar chateado. Se estás triste, podes ficar triste. Se estás a sentir alguma alegria com o veredito e algum tipo de passo na direção certa e queres comemorar isso, faz isso também", afirmou numa entrevista posterior.

A morte de Floyd desencadeou a maior vaga de protestos e distúrbios antirracismo nos Estados Unidos desde a década de 1960 do século passado, após o assassinato de Martin Luther King, reivindicando "justiça para Floyd" e o fim da brutalidade policial contra as minorias raciais.

Chauvin, que pressionou com o seu joelho o pescoço de Floyd durante mais de nove minutos, foi considerado culpado, em abril passado, das três acusações que enfrentava: assassinato involuntário em segundo grau, com pena até 40 anos de prisão; assassinato de terceiro grau, com condenação máxima de 25 anos, e homicídio involuntário em segundo grau, que implica até dez anos de privação de liberdade.

Pelo facto de não ter antecedentes penais, apenas poderá ser condenado a um máximo de 12 anos e meio de prisão por cada uma das duas primeiras acusações, e a quatro anos pela terceira. A leitura da sentença terá lugar em 25 de junho.

 

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