"Alguns foram mortos por tiros durante as manifestações e outros enquanto os militares revistavam as suas casas e dispararam intencionalmente contra eles. Também houve crianças que morreram enquanto brincavam na rua", disse hoje o Governo de Unidade Nacional (NUG, na sigla em inglês), que representa a oposição do regime militar.
As vítimas são 63 rapazes, nove raparigas e um género não identificado, cujas mortes foram registadas entre 15 de fevereiro e 15 de maio, segundo o NUG, formado por ativistas e políticos eleitos durante as eleições de novembro, cujo resultado não é reconhecido pelo exército golpista.
Morreu, pelo menos, uma criança em quase todas as regiões do país, sendo que Mandalay e Rangum são as cidades mais afetadas, com 17 e 13 crianças mortas, respetivamente.
A UNICEF defendeu que as forças de segurança deveriam tomar "medidas urgentes para garantir a segurança das crianças presas na área, e defender o seu direito a serem protegidas".
O NUG, que foi rotulado como um grupo terrorista pela Junta Militar e que opera clandestinamente, afirmou que os seus dados ainda não documentaram relatos de "mortes de crianças durante os recentes combates violentos" em várias cidades.
No dia 24 de abril, o líder da Junta Militar, Min Aung Hlaing, comprometeu-se a terminar os confrontos violentos contra civis, durante uma reunião com líderes políticos dos países que compõem a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês), do qual Myanmar é membro.
No entanto, pelo menos 75 pessoas, incluindo crianças, foram mortas desde a reunião, segundo dados revelados hoje pela Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP).
A violência e a intimidação das forças de segurança reduziram a participação e a intensidade dos protestos contra a junta militar, especialmente nas grandes cidades, onde as manifestações de massas deram lugar a protestos relâmpago, que não são anunciados nas redes sociais e que terminam 10 a 15 minutos depois, antes da chegada das autoridades.
Nas cidades mais pequenas, contudo, os protestos continuam diariamente a rejeitar o Governo militar, exigindo a libertação de todos os detidos, incluindo a líder deposta Aung San Suu Kyi, e a restauração da democracia.
O exército de Myanmar justificou o golpe de Estado com supostas fraudes eleitorais durante as legislativas de novembro de 2020 cujo resultado deu a vitória à Liga Nacional para a Democracia.
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