França suspeita de papel russo em campanha para difamar vacina da Pfizer
Bloggers franceses admitem ter recebido emails com ofertas de pagamento por vídeos nas redes sociais a criticar a vacina contra a Covid-19.
© Marta Fernandez Jara/Europa Press via Getty Images
Mundo Covid-19
As autoridades francesas de contraespionagem estão a investigar se o governo russo terá desempenhado um papel na contratação de bloggers de saúde e ciência franceses para que semeassem dúvidas sobre a segurança da vacina da Pfizer contra a Covid-19. A notícia foi avançada por um responsável de segurança francês ao Wall Street Journal.
Foram vários os 'influencers' a admitir publicamente ter recebido emails, nos últimos dias, de alguém que trabalhava para uma empresa de marketing chamada Fazze. Nos emails, a que o jornal teve acesso, eram feitas ofertas de compensação monetária em troca de vídeos para o YouTube, Instagram e outras plataformas e redes sociais onde fossem feitas críticas à vacina desenvolvida pela farmacêutica.
A vacina da Pfizer tem sido a mais utilizada em França e um dos bloggers revelou ter recebido 2.050 euros por um vídeo.
O ceticismo em relação às vacinas é maior em França do que em muitos outros países ocidentais. Inquéritos realizados antes do início da campanha de vacinação no país, no final de dezembro, mostravam que até 60% da população não queria ser vacinada contra o coronavírus. A hesitação diminuiu à medida que mais pessoas foram vacinadas, com cerca de 40% da população a ter recebido já pelo menos uma dose.
Segundo a fonte, as autoridades de contraespionagem suspeitam que o Kremlin esteja por detrás dos emails, pois há semelhanças com as campanhas da Internet Research Agency, uma empresa russa que as autoridades norte-americanas identificaram como responsável pelos esforços de Moscovo para interferir nas eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos.
A Fazze pedia aos bloggers que apresentassem falsas alegações de que a taxa de mortalidade entre as pessoas que receberam a vacina Pfizer seria três vezes maior do que aquelas que receberam a vacina da AstraZeneca.
O Kremlin não respondeu aos pedidos de comentário do meio de comunicação, mas já anteriormente tinha rejeitado as acusações de que seria responsável pelas campanhas de desinformação contra as vacinas ocidentais e negou ter interferido nas eleições nos Estados Unidos.
Uma publicação feita pela Fazze numa página de procura de emprego descreve a empresa como sendo subsidiária da AdNow, uma agência de marketing com sede em Moscovo. As contas dos funcionários da Fazze no LinkedIn, agora excluídas, mostram que muitos estudaram em escolas russas, como a Siberian Transport University.
França está atrás de outros países europeus na vacinação de idosos, por exemplo, com 75% das pessoas com mais de 80 anos vacinadas, em comparação com 100% em países como Espanha, Irlanda e Dinamarca.
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