Os resultados de cinco sondagens, divulgadas por cinco canais de televisão de Chipre (quatro privados e o canal público CyBC) logo após o encerramento das urnas, dão os dois maiores partidos -- o DISY, de centro-direita, e o AKEL, com origem no Partido Comunista -- como líderes das eleições, em primeiro e segundo lugar, respetivamente.
Além disso, as cinco sondagens mostram o ELAM numa disputa com o partido de centro-esquerda EDEK pelo terceiro lugar, com o partido de extrema-direita a aumentar significativamente a votação, depois de ter sido o oitavo partido mais votado em 2016, com 3,7% dos votos.
A sondagem da televisão pública dá ao ELAM uma votação entre os 5% e os 7%. Já a do canal privado OMEGA prevê para o ELAM uma votação entre os 6,5% e os 9,5%.
Nas cinco sondagens, o partido de centro-direita DIKO é o quarto mais votado.
As eleições legislativas não afetam a gestão do Governo na ilha dividida de Chipre, visto que o poder executivo está nas mãos do Presidente, eleito em outro ato eleitoral.
Os 558 mil eleitores de Chipre tiveram hoje que escolher entre 21 partidos para os 56 lugares cipriotas-gregos do Parlamento.
A República de Chipre, dois terços do território, atualmente com cerca de 850.000 habitantes onde predomina a população de origem grega cristã ortodoxa e as minorias arménia e maronita, foi fundada em 1960 após a sua libertação da ocupação britânica, mas a ilha apenas esteve unida de facto durante três anos, quando se iniciaram os conflitos entre as duas principais comunidades, num território onde predomina a população de origem grega.
Em 1974, a tentativa de Enosis (união à Grécia) implicou a divisão na ilha na sequência da invasão militar da Turquia, dolorosas trocas de populações e a ocupação da parte norte, onde nove anos depois será criada RTCN, habitada pelos cipriotas turcos de religião muçulmana (perto de 300 mil habitantes) e apoiada pela Turquia a nível militar, económico, demográfico e diplomático.
O progressivo afastamento das duas comunidades tentou ser contrariado pelo Presidente cipriota grego Dimitri Christofias (do AKEL) entre 2008 e 2013 e Mehmet Ali Talat, social-democrata e líder do lado turco entre 2005 e 2010.
Mas o nacionalismo prevaleceu -- o referendo em abril 2004 sobre o plano da ONU para a reunificação foi apenas aprovado pela parte turca poucos dias antes da adesão da República de Chipre à UE --, e o lado grego comprovou ainda não estar preparado para uma solução.
Assim, o atual Presidente de direita Nicos Anastasiades, que batalhou pelo "sim" em 2004, também evitou concluir um acordo nas conversações de Crans-Montana em julho de 2017.
Os nacionalismos continuam a impregnar a igreja, as forças armadas, os 'media', as escolas. E na parte grega, a igreja ortodoxa não esconde as suas simpatias pela Frente Popular Nacional (ELAM), o partido de extrema-direita que elegeu dois deputados nas legislativas de 2016.
Nas presidenciais de 2018 o seu líder Christos Christou obteve 5,65%, contra os 0,88% obtidos em 2013.
Nesse ano, e devido à crise do sistema financeiro, o Governo de Chipre aceitou um memorando proposto pela "troika" de credores.
O ELAM desencadeou de imediato, à semelhança dos congéneres da Aurora Dourada na Grécia, um programa de apoio social aos mais desfavorecidos. No entanto, parte da sua força vem dos estádios de futebol, quando iniciou o recrutamento entre as claques do APOEL de Nicósia.
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