O artista plástico italiano Salvatore Garau vendeu uma escultura invisível por 15 mil euros, num leilão cuja base de licitação começou nos 6 mil euros e foi disputada várias vezes. A obra de arte chama-se 'Io Sono' ('eu sou') e o artista de 67 anos de idade diz que é "imaterial", ou seja, não existe no mundo físico.
Se verificar na plataforma onde decorreu o leilão, não existe nada na imagem, mas alguém pagou 14.820 euros para o adquirir.
A prova física da compra é apenas um certificado de autenticidade assinado pelo artista plástico. No certificado, pode ler-se o seguinte: "Escultura imaterial, abril de 2020. Para ser colocada numa casa particular, num espaço livre de qualquer estorvo de aproximadamente 150 x 150 cm".
Será o certificado o verdadeiro alvo do valor da obra? Este contém uma nota: "O presente certificado não pode ser exposto no espaço reservado à obra". Assim sendo, proprietário e possíveis admiradores podem apenas imaginar a obra, que existe só na cabeça de Garau, que trabalha em pintura, escultura ou instalação.
Certificado de autenticidade de 'Io Sono'.© Reprodução
Embora tenha recebido uma miríade de críticas, Garau rejeita a ideia de que a sua obra de arte é "nada", explicando que é antes o "vácuo". "O vácuo não é nada mais do que um espaço cheio de energia e mesmo que o esvaziemos e não reste lá nada, de acordo com o princípio da incerteza de Heisenberg, esse 'nada' tem um peso. Assim sendo, tem energia que é condensada e transformada em partículas, ou seja, em nós", disse.
Esta foi a primeira escultura não-física que Garau vendeu, mas não foi a primeira que fez. 'Buda em Contemplação', que pode ver abaixo, foi apresentada em Milão, na Piazza Della Scala. O quadrado branco no chão delimita a obra, que o admirador poderá... imaginar.
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