"O Tribunal Especial para o Líbano lamenta anunciar que está a enfrentar uma crise financeira sem precedentes", disse o tribunal, num comunicado, enquanto o Líbano passa por uma das mais graves crises financeiras em todo o mundo, de acordo com dados do Banco Mundial.
"Sem financiamento imediato, o Tribunal não poderá continuar as suas atividades após julho de 2021, o que terá um impacto na sua capacidade para cumprir o seu mandato", alerta o comunicado.
Criado após uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, o tribunal, com sede nos Países Baixos, condenou a pena perpétua - em 18 de agosto de 2020, à revelia - um alegado membro do movimento pró-iraniano Hezbollah, Salim Ayyash, por "homicídio premeditado", tendo absolvido os outros três réus.
Este primeiro julgamento encontra-se atualmente em fase de recurso.
Rafic Hariri, que era primeiro-ministro libanês até à renúncia em outubro de 2004, foi morto em fevereiro de 2005, quando um homem-bomba fez explodir uma carrinha que circulava em Beirute, matando outras 21 pessoas e provocando 226 feridos.
Num caso separado, o Tribunal Especial para o Líbano deverá iniciar um outro julgamento contra Salim Ayyash no final de junho, por três ataques a políticos.
"Apesar de uma redução significativa de pessoal e de custos para todas as suas operações, por falta de financiamento, o Tribunal será forçado a fechar as suas portas nos próximos meses, o que significa que casos importantes não serão concluídos, com prejuízo para as vítimas, a luta contra a impunidade e o Estado de Direito", disse o secretário do tribunal, David Tolbert, citado no comunicado.
O Tribunal Especial para o Líbano disse que já informou o secretário-geral da ONU, António Guterres, da situação financeira do tribunal, que está muito dependente de contribuições voluntárias de países doadores.
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