Na primeira declaração pública sobre o assunto desde a publicação de detalhes na imprensa na noite de domingo, a chefe do Governo dinamarquês recusou-se a comentar o caso diretamente.
Mas como princípio geral, "não deve haver vigilância sistemática dos seus aliados", afirmou Mette Frederiksen à imprensa, à margem de uma sessão do Parlamento.
De acordo com uma investigação da televisão pública dinamarquesa Danmarks Radio (DR) transmitida no domingo à noite, os Estados Unidos usaram a rede de cabos submarinos dinamarquesa pelo menos até 2014 para escutar personalidades de quatro países (Alemanha, Suécia, Noruega e França), entre as quais a chanceler alemã, Angela Merkel.
Paris, Berlim e outras capitais europeias convocaram na segunda-feira os EUA e a Dinamarca para explicar essas alegações, numa nova página do 'dossiê' de escutas telefónicas entre aliados reveladas desde que o ex-analista da CIA Edward Snowden denunciou atos de espionagem da agência norte-americana de segurança (NSA) em 2013.
Frederiksen minimizou o assunto quando questionada sobre o descontentamento desses países.
"Temos um bom diálogo. Não acho correto dizer que as relações com a França ou a Alemanha devem ser reparadas. Temos um diálogo permanente, também no campo dos serviços de informações", disse.
De acordo com a DR, a Agência Nacional de Segurança (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos conseguiu aceder, através da Dinamarca, a mensagens de texto, ligações telefónicas e tráfego de internet, incluindo buscas, conversas e serviços de mensagens de funcionários, incluindo também o então ministro dos Negócios Estrangeiros alemão Frank-Walter Steinmeier.
Uma das incógnitas do caso continua a ser até que ponto Copenhaga estava ciente dessas ações, as quais Washington se recusou a comentar.
A notícia do DR foi baseada num relatório confidencial dos serviços secretos da Dinamarca, intitulado "Operação Dunhammer", que foi pedido após o caso Snowden e entregue em maio de 2015.
Cinco anos depois, em agosto passado, vários responsáveis dos serviços secretos dinamarqueses foram demitidos por ocultar informações e, de acordo com o DR, devido a ligações a este caso.
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