A Austrália pediu quarta-feira aos países do G7 que apoiem a reforma da Organização Mundial do Comércio, argumentando que esta é a melhor maneira de conter a campanha de coerção económica exercida por Pequim contra Camberra e conter a ascensão chinesa na região do Indo-Pacífico.
O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, alertou que as democracias têm que cooperar mais do que em qualquer altura desde a Guerra Fria, devido ao risco crescente de conflito com a China.
"A região Indo-Pacífico - a região da Austrália - é o epicentro de uma competição estratégica renovada. Os riscos de erro de cálculo e conflito estão a aumentar", descreveu.
Austrália e China estão envolvidas numa disputa diplomática, desde que Camberra apelou a um inquérito sobre as origens da pandemia de covid-19, no ano passado.
Em retaliação, Pequim impôs taxas alfandegárias punitivas e outras restrições sobre milhares de milhões de dólares de importações australianas, ilustrando a crescente assertividade da política externa de Pequim.
Morrison foi convidado para a cimeira do G7 pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, junto com os líderes da Índia, África do Sul e Coreia do Sul.
Na quarta-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa do Japão e da Austrália concordaram também em fortalecer os laços de segurança, face às reivindicações territoriais chinesas na região da Ásia - Pacífico.
O ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Toshimitsu Motegi, disse que as autoridades dos dois países partilharam preocupações sobre a atividade da China nos mares do leste e do sul da China como um desafio à comunidade internacional.
Os países europeus reclamam também uma relação mais igualitária e recíproca em termos de comércio e investimento com a China. No entanto, nos últimos meses, a relação entre China e União Europeia deteriorou-se, depois de os dois lados imporem sanções um ao outro, devido aos abusos dos Direitos Humanos de minorias étnicas de origem muçulmana na região de Xinjiang, na região oeste chinesa.
Entre os visados pelas sanções retaliatórias da China estão cinco membros do Parlamento Europeu - Reinhard Butikofer, Michael Gahler, Raphael Glucksmann, Ilhan Kyuchyuk e Miriam Lexmann.
A decisão chinesa colocou em risco o Acordo Global de Investimento entre os dois lados. O acordo precisa da aprovação dos eurodeputados para entrar em vigor. O Parlamento Europeu decidiu congelar a ratificação do acordo, entretanto, e anunciou que não prosseguirá com este até que a China levante as sanções.
A questão ambiental põe também a China no centro da agenda.
Na última reunião entre os ministros do ambiente e do clima dos países do G7 -- que reúne as sete economias mais desenvolvidas: Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido -, realizada por videoconferência, em maio passado, os países comprometeram-se a suspender o financiamento internacional para minas de carvão e usinas de energia este ano.
O objetivo é alcançar "um sistema de energia totalmente descarbonizado na década de 2030".
O foco do comunicado parece destinado a enviar uma mensagem à China, que é responsável por mais da metade do consumo de carvão no mundo.
O Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu atingir o pico das emissões de carbono da China até 2030, mas novos dados mostraram que as emissões da China aumentaram 15%, no último trimestre de 2020, em termos homólogos.