Muitos seguidores do QAnon acreditam que o ex-Presidente Donald Trump estava a combater inimigos dentro do chamado "país profundo" para expor uma cabala de canibais adoradores do diabo que dirigem uma rede de tráfico sexual de crianças.
A derrota eleitoral de Trump nas presidenciais de novembro de 2020 para o atual ocupante da Casa Branca, Joe Biden, desiludiu alguns crentes n'A Tempestade, um suposto ajuste de contas em que os inimigos de Trump seriam julgados e executados.
Alguns adeptos destas ideias passaram agora a acreditar que Trump é o "Presidente-sombra" ou que a vitória de Biden foi uma ilusão.
O relatório, elaborado pelo FBI (polícia federal norte-americana) e pelo Departamento de Segurança Nacional e divulgado na terça-feira pelo senador Martin Heinrich, um Democrata do Estado norte-americano do Novo México, prevê que apesar de alguns simpatizantes do QAnon terem recuado, outros "irão provavelmente começar a acreditar que já não podem 'confiar no plano' referido em 'posts' do QAnon nas redes sociais e que têm o dever de deixar de servir como 'soldados digitais' e passar à violência no mundo real".
À medida que as principais empresas das redes sociais foram suspendendo ou removendo contas relacionadas com o movimento QAnon, muitos seguidores mudaram-se para plataformas menos conhecidas e debatem como radicalizar novos utilizadores nelas, segundo o relatório.
O documento refere que vários fatores contribuirão para a longevidade do QAnon, entre os quais a pandemia de Covid-19, o facto de algumas redes sociais permitirem 'posts' sobre as suas teorias conspirativas, a polarização social nos Estados Unidos e "a frequência e o conteúdo de declarações pró-QAnon por figuras públicas às quais é dado protagonismo nas narrativas centrais do QAnon".
O relatório não identifica qualquer dessas figuras públicas, mas Trump, que quando ainda ocupava a Presidência elogiou os seguidores do QAnon como "pessoas que amam o nosso país", tem-se repetidamente recusado a reconhecer que as eleições presidenciais terminaram e tem infundadamente falado da sua vitória como tendo sido "roubada", apesar de múltiplas decisões judiciais e de um parecer do seu próprio Departamento de Justiça defendendo a integridade da eleição.
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