Húngaros em protesto para vetar lei que liga pedofilia a homossexualidade
Centenas de pessoas manifestaram-se hoje em Budapeste para pedir ao Presidente húngaro que não assine a lei contra a pedofilia, aprovada na segunda-feira, que proíbe expor menores de 18 anos a conteúdos sobre homossexualidade e mudança de sexo.
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Mundo Hungria
Essas menções foram incluídas pelo Fidesz, o partido ultranacionalista no poder com maioria absoluta, numa lei originalmente redigida para aumentar as penas contra os pedófilos e que contava com o apoio de todos os partidos.
Após tais alterações, só o partido de extrema-direita Jobbik apoiou o Fidesz na votação, ao passo que a oposição de esquerda, liberal e ecologista se absteve.
A oposição progressista, coletivos de defesa dos direitos das pessoas LGBT+ (lésbicas, 'gays', bissexuais e transgénero) e os poucos meios de comunicação social não controlados pelo Governo classificaram o texto final aprovado como homófobo, por ligar a homossexualidade à pedofilia.
Mais de 100.000 pessoas assinaram uma petição pedindo a anulação da lei, enquanto na segunda-feira, milhares de pessoas protestaram em frente ao parlamento contra a lei.
O Governo assegurou hoje que só quer proteger os menores e preservar o direito dos pais a educar os seus filhos.
Na manifestação de hoje, em frente à sede da Presidência, os participantes foram instados a escrever cartas ao chefe de Estado, János Áder, sobre a discriminação de que são alvo os homossexuais no país.
"Defendamos os jovens LGBT+. Demonstremos que as pessoas LGBT+ podem viver uma vida feliz e completa se as deixarem", pediram os organizadores do protesto, entre os quais se contava a Amnistia Internacional.
Segundo a emissora RTL Klub, a lei obrigará a que filmes como os da saga Harry Potter, nos quais são abordados temas como a identidade sexual, sejam classificados como recomendados para maiores de 18 anos.
Várias estações televisivas, como a HBO, a AMC e a WarnerMedia, juntaram-se à RTL Klub nas críticas à nova lei.
Este não é o primeiro ataque do Governo do primeiro-ministro Viktor Orbán à comunidade LGBT+ desde que chegou ao poder, em 2010.
Um ano depois, a nova Constituição determinou que o casamento é a união de um homem e uma mulher.
Noutra ocasião, o presidente do parlamento e um dos fundadores do Fidesz, László Kövér, comparou os homossexuais que querem adotar crianças a pedófilos.
"A Hungria é um país tolerante e paciente com a homossexualidade, desde que deixem em paz os nossos filhos", chegou a afirmar Orbán.
Em maio de 2020, o Governo proibiu também os transexuais de mudar de nome.
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