Com uma capa especial quase totalmente em branco, foi acrescentado o texto: "Se uma capa vazia causa incómodo, imagine a dor que causa o vazio nas famílias dos 500 mil brasileiros que perderam a vida para a covid-19".
"Vamos morrer até quando?", questiona ainda o jornal na capa.
Capa do Jornal Folha de São Paulo - domingo - 20/06/2021 pic.twitter.com/jAWb68WeQU
— Renan Brites Peixoto (@RenanPeixoto_) June 20, 2021
As reações foram imediatas, provocando milhares de comentários nas redes sociais.
"Arrepiada com a primeira página da Folha. Arrepiada de raiva pelo desgoverno genocida. Arrepiada de tristeza e frustração pelos 500 mil brasileiros mortos pela Covid", escreveu a leitora Hanna Korich.
"Parabéns, Folha! É esse tipo de manchete que o Brasil precisa nesse momento ("Vamos morrer até quando?", Primeira Página, 20/6)", disse, por sua vez, a leitora Maria Corina Rocha, numa série de comentários destacados pelo próprio jornal.
Vários internautas usaram a secção de comentários da Folha de S.Paulo na rede social Instagram para criticar o Governo de Jair Bolsonaro pela marca trágica de mortes na pandemia.
"Enquanto a população aceitar as coisas do jeito que estão, somos responsáveis também por não fazer nada. Passou da hora de cobrar ações, inclusive de tirar do poder quem não é capaz sequer de lamentar por 500 mil mortes", defendeu Paola Barros.
"Até quando? Hoje com a Covid é mais percetível, mas faz tempo que o brasileiro morre pelo descaso dos políticos. Enquanto não se governar para o pobre nesse país e tapar os buracos social, educacional e de saúde, muitos brasileiros ainda morrerão. E não será só de Covid", lamentou o radialista Sergio Scarpelli.
"Alguém tem que deter esse irresponsável. #ForaBolsonaro", pediu o leitor Gilson Lisboa.
Bolsonaro quebrou na segunda-feira o silêncio sobre a marca de 500 mil mortos atingida no sábado, atacando a imprensa.
O chefe de Estado irritou-se com um grupo de jornalistas e insultou-os, após ser questionado sobre as mais de 500.000 mortes que a covid-19 fez no país e a falha no uso de máscaras.
"Lamento todas as mortes", disse, claramente irritado, Bolsonaro, que até ao final da tarde de segunda-feira ainda não tinha comentado a fatídica marca.
Questionado também sobre o hábito de não usar a máscara em público, que nesse momento estava a usar, Bolsonaro retirou o material de proteção do rosto e perguntou a uma repórter da rede Globo: "Está feliz agora?".
Já sem máscara, e levantando o tom, afirmou: "Essa Globo é uma merda de imprensa. Vocês são uma porcaria de imprensa. Cala a boca, vocês são uns canalhas. Vocês fazem um jornalismo canalha, canalha, que não ajuda em nada. Vocês não ajudam em nada. Vocês destroem a família brasileira, destroem a religião brasileira. Vocês não prestam".
Sobre o uso da máscara, o líder de extrema-direita e negacionista da pandemia insistiu: "Eu chego como quiser, onde eu quiser, eu cuido da minha vida. Se você não quiser usar máscara, você não usa".
O Brasil, que enfrenta uma terceira vaga da pandemia, está entre os três países mais afetados em todo o mundo, juntamente com os Estados Unidos e com a Índia, totalizando 502.586 mortes e 17.966.831 casos.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.868.393 mortos no mundo, resultantes de mais de 178,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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