A partir de segunda-feira, os residentes do país terão de permanecer estritamente confinados nas suas casas e apenas os serviços de emergência e as empresas que trabalham para a exportação serão autorizados a continuar as suas atividades.
A maioria das atividades económicas, incluindo mercados, lojas, transportes e escritórios, terão de parar até quinta-feira.
As medidas, impostas depois de terem sido registados mais de 6.000 novos casos de covid-19 na quinta-feira e 108 mortes na sexta-feira, provocaram hoje um êxodo em massa de Daca de trabalhadores que serão privados dos seus meios de subsistência.
Com o transporte inter-regional já suspenso desde 22 de junho, os trabalhadores que desejavam regressar às suas aldeias amontoaram-se em riquexós, em motocicletas ou contrataram mesmo ambulâncias para saírem à pressa da capital.
Os serviços de 'ferries' estavam saturados, nalguns casos a funcionar 24 horas por dia, com mais de 1.000 passageiros em cada travessia.
"Não queremos que sobrecarreguem o 'ferry'. Mas eles não ouvem", afirmou preocupado o polícia Mohammad Reza.
Um responsável da empresa estatal de transportes fluviais do Bangladesh disse à AFP que hoje pelo menos 50.000 pessoas já tinham apanhado o 'ferry' para atravessar o rio.
Numa paragem de uma linha fluvial no município de Sreenagar, a cerca de 70 km a sul de Daca, vários milhares de pessoas tinham feito fila desde hoje de manhã para atravessar o Padma, um afluente do Ganges.
"Não temos outra escolha senão deixar a cidade", disse Fatema Begum, 60 anos, à AFP enquanto esperava pelo 'ferry'.
"Durante o confinamento, não há trabalho. E se não trabalharmos, como podemos pagar o aluguer? É por isso que arrumamos as nossas coisas e voltamos para as nossas aldeias", acrescentou.
Mohammad Masum, de 30 anos, um vendedor ambulante em Daca, prefere ir para casa e "passar tempo com a família" do que ficar confinado na capital.
No sábado, o porta-voz do Ministério da Saúde, Robed Amin, disse que efetivos da polícia e guardas de fronteira seriam destacados para impor o confinamento e que o exército poderia ser chamado, se necessário.
"A situação é perigosa e alarmante. Se não a contivermos agora, enfrentaremos uma situação semelhante à da vizinha Índia", disse Amin à AFP.
A Índia viveu recentemente uma devastadora segunda vaga da pandemia, que atingiu o pico em meados de maio, com mais de 400 mil novos casos por dia, mas a curva de contágio tem vindo a descer nas últimas semanas.
Já no Bangladesh, que tem uma população de cerca de 170 milhões de habitantes, as taxas de contágio têm vindo a aumentar acentuadamente desde meados de maio.
As autoridades dizem que a situação nas regiões próximas da fronteira com a Índia é catastrófica, com hospitais nas cidades de Khulna e Rajshahi sobrecarregados.
O Bangladesh comunicou mais de 880.000 contágios e mais de 14.000 mortes de covid-19, um número que, segundo os especialistas, está subestimado.
A pandemia de covid-19 provocou mais de 3,9 milhões de vítimas em todo o mundo, resultantes de perto de 180 milhões de casos de infeção diagnosticados oficialmente, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença respiratória é provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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