Ex-prisioneiro em Guantánamo arrisca tortura se for enviado para a Rússia
Ravil Mingazov está atualmente detido nos Emirados Árabes Unidos e pode ser repatriado para a Rússia.
© Reuters
Mundo Ravil Mingazov
Um antigo prisioneiro de Guantánamo, que em 2017 foi transferido para os Emirados Árabes Unidos, pode agora ser forçosamente repatriado para a Rússia, país onde corre um “risco substancial de tortura”, advertem os especialistas em direitos humanos das Nações Unidas.
Ravil Mingazov é um tártaro muçulmano, de 52 anos, e que passou 15 anos detido na prisão de Guantánamo sem ter sido acusado de qualquer crime, segundo o The Guardian.
Em janeiro de 2017, foi transferido de Guantánamo para os Emirados Árabes Unidos, tendo a sua família e equipa legal recebido garantias de que seria libertado poucos meses depois. Algo que não se concretizou.
Em vez disso, Mingazov continuou detido e em condições piores do que em Guantánamo, foi submetido a tortura e privado de água e de tratamento médico. A possibilidade de ser repatriado para a Rússia não melhora a sua situação, pois as autoridades russas têm um registo de torturar prisioneiros que estiveram em Guantánamo e mantêm-nos presos na sequência de julgamentos dúbios.
“Estamos seriamente preocupados que em vez de o libertarem seguindo o alegado acordo de restabelecimento entre os Estados Unidos e os Emirados Árabes Unidos, o sr. Mingazov tenha sido sujeito a uma contínua detenção arbitrária num local desconhecido nos Emirados Árabes Unidos, o que equivale a desaparecimento forçado”, frisou um painel de especialistas das Nações Unidas.
Ravil Mingazov é um antigo dançarino de ballet do Exército Vermelho que fugiu da Rússia por recear ser alvo de perseguição devido às suas crenças religiosas. A sua família e advogados argumentam que foi para o Afeganistão porque desejava viver num país islâmico e que não estava envolvido em terrorismo. Mas depois da invasão do Afeganistão por parte das forças norte-americanas Mingazov foi capturado. Tinha então 33 anos.
Um dos seus advogados, Nick Beales, denuncia as condições a que Mingazov tem sido sujeito nos Emirados Árabes Unidos. “O Ravil tem estado a fazer uma greve de fome, e sabemos que ele tem sido torturado (…) Tem sido mantido em confinamento solitário durante períodos prolongados de tempo e sofreu abusos físicos por parte dos guardas”, sublinhou.
Os peritos das Nações Unidas consideram que repatriar Ravil Mingazov para a Rússia representa uma violação da lei internacional.
Sevil Kurbanova, a sua cunhada, teme que não volte a ser livre se for enviado para a Rússia. “Ele não vai ser livre para o resto da sua vida”.
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