Michelle Bachelet apresentou ao Conselho de Direitos Humanos da ONU um relatório histórico sobre o tema e cuja investigação se iniciou após o assassínio do afrodescendente norte-americano George Floyd, morto por um polícia branco em maio de 2020, em Minneapolis.
Bachelet disse ao Conselho de Direitos Humanos, em Genebra, que a investigação, divulgada em junho, "não conseguiu encontrar um único exemplo de um Estado que tenha feito uma avaliação abrangente do seu passado ou que tenha contabilizado o impacto nas vidas dos afrodescendentes hoje", apesar de algumas tentativas de busca da verdade por meio desculpas, litígio e a preservação de memórias.
A alta-comissária da ONU recomendou que os países "criem, reforcem e financiem totalmente processos abrangentes - com plena participação nas comunidades afetadas - para partilhar a verdade sobre o que foi feito e os danos que continuam a infligir" às vidas das pessoas.
"Estabelecer a verdade sobre esses legados, o seu impacto hoje e tomar medidas para lidar com esse dano através de uma ampla gama de medidas de reparação é crucial para curar as nossas sociedades e garantir justiça a crimes terríveis", disse Bachelet.
"As medidas tomadas para lidar com o passado transformarão nosso futuro", acrescentou.
O Conselho de Direitos Humanos encomendou o relatório durante uma sessão especial no ano passado após o assassínio de Floyd. O polícia Derek Chauvin, que matou Floyd, foi condenado a 22 anos e meio na prisão no mês passado.
O encarregado de Negócios dos EUA em Genebra, Benjamin Moeling, saudou o "relatório perspicaz e direto" numa declaração em vídeo ao Conselho.
"Os Estados Unidos estão a enfrentar esses desafios, em casa e no estrangeiro, de forma honesta e transparente, enfrentando as questões subjacentes à discriminação racial e ao uso excessivo de força pela polícia", disse Moeling.
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