A informação foi avançada pelo secretário de Estado para a Saúde Pública angolano, Franco Mufinda, durante a abertura de um seminário de formação sobre o Mapeamento de Riscos com Impacto na Saúde Pública, financiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que hoje arrancou, em Luanda.
Na abertura do workshop, o governante realçou a importância da formação, numa altura em que o país lida com muitos eventos, nomeadamente a malária, que continua a ser um problema de saúde pública, bem como a dengue, cólera ou sarampo, eventos recorrentes em Angola.
"Deste modo é imperioso que se tenha um esforço para se poder garantir a saúde da população como um elemento-chave para a redução, por um lado, da pobreza e sobretudo o desenvolvimento socioeconómico que se pretende", referiu.
Segundo Franco Mufinda, o seminário vai abordar a questão estratégica das situações de emergência, reforçando a vigilância epidemiológica, laboratorial, o diagnóstico e as intervenções de promoção, prevenção, tratamento e reabilitação.
O governante salientou que as situações de emergência das doenças acima citadas requerem o apoio de uma rede de laboratórios para o diagnóstico epidemiológico preciso ou até de um suporte de testes de diagnóstico aplicáveis em todas as unidades sanitárias, no serviço nacional de saúde, no primeiro nível, onde a demanda é de 80% da população.
"As situações de emergência vividas nas últimas décadas no nosso país, permitiram que delas se pudesse retirar lições que possam aconselhar a estar cada vez mais capacitados e mobilizados para detetar, notificar e responder precocemente ao surgimento de doenças emergentes e re-emergentes", frisou.
Franco Mufinda sublinhou que "não deve haver falhas" para que se possa garantir a segurança nacional em termos de saúde, por isso é necessário continuar a dar-se prioridade à formação permanente dos quadros a todos os níveis, "elemento fundamental para a construção de um sistema de saúde resiliente".
O governante angolano disse que os desafios da saúde em Angola continuam focados para a redução da mortalidade materno-infantil e no controlo de doenças transmissíveis e não transmissíveis, de igual modo a preparação de respostas rápidas, harmonizadas e com a eficácia que se impõe às situações emergência e eventos que ameaçam a saúde das comunidades.
De acordo com o secretário de Estado para a Saúde Pública, Angola, além dos esforços nacionais, conta com o apoio de parceiros internacionais, entre as quais a OMS, que desenvolveu uma ferramenta denominada STAR, que ajuda na avaliação de riscos em saúde pública associada aos perigos que daí podem advir.
Os participantes desta formação estão incumbidos da elaboração do mapa nacional de risco, um instrumento fundamental para a tomada de decisões estratégicas para o futuro, realçou Franco Mufinda.
Por sua vez, a representante da OMS em Angola, Djamila Cabral, disse que a STAR é uma ferramenta em que se tenta incluir todas as informações disponíveis, não só do setor da saúde, mas também de outros setores.
"O importante nessa ferramenta é que esses riscos são listados em termos de prioridades, quais são os riscos mais importantes e também em termos de ações para a preparação de respostas e quais os mais prioritários", disse.
Djamila Cabral salientou que apoiou ainda o envio de três peritos da região africana para facilitar o processo, além do financiamento deste workshop e outros que se vão seguir, bem como na elaboração do plano.
"Porque a utilização deste instrumento só tem valor se depois o que sair daqui for utilizado para fazer uma planificação que seja baseada em factos", acrescentou a responsável, sublinhando que, neste caso, a atenção vai sobretudo para as doenças transmissíveis que podem provocar epidemias, surtos, mas também efeitos de mudança climática, que podem provocar inundações, secas, ciclones, ou seja, "tudo o que depois vai ter uma consequência surpreendente no estado de saúde da população".
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