De acordo com o Centro de Direitos Humanos Viasna, um tribunal de Minsk condenou 10 indivíduos a dois anos e meio de prisão, precisando que um outro estudante foi condenado a dois anos de prisão.
Todos estavam acusados de "crime organizado" e de terem participado de forma ativa nas manifestações contra o regime do Presidente Alexander Lukashenko, eventos que, de acordo com a justiça bielorrussa, "violaram gravemente a ordem pública" nas respetivas universidades, relatou a ONG.
Durante o julgamento, a acusação argumentou que "os protestos realizados nas universidades visavam uma revisão dos resultados das eleições presidenciais [de agosto passado] para que não fossem reconhecidos pela União Europeia (UE) e pelos Estados Unidos", contou ainda a Viasna.
Todos os réus, detidos no outono de 2020, são reconhecidos como "presos políticos" pela Viasna.
Também hoje foi divulgado que os serviços de segurança bielorrussos realizaram buscas esta sexta-feira nos domicílios de pelo menos 12 jornalistas que trabalham em 'media' independentes ou conotados com a oposição bielorrussa.
As autoridades bielorrussas já tinham efetuado, na quarta-feira e na quinta-feira, buscas minuciosas nas instalações dos principais grupos de defesa dos direitos humanos naquele país e vários funcionários das organizações estão detidos desde então.
A Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 09 de agosto de 2020, que, segundo os resultados oficiais, reconduziram o Presidente Alexander Lukashenko para um sexto mandato, com 80% dos votos.
A oposição considerou o escrutínio fraudulento, tal como vários países ocidentais, e foi desencadeada uma vaga de contestação sem precedentes naquela antiga república soviética.
Recusando qualquer concessão, o chefe de Estado bielorrusso, no poder há quase 27 anos, prendeu ou forçou ao exílio a maioria dos seus opositores e denunciou manifestações conduzidas pelo Ocidente para o derrubar.
A repressão violenta do movimento de contestação causou vários mortos e várias centenas de pessoas foram detidas.
Na semana passada, a relatora especial da ONU para a Bielorrússia denunciou que a repressão das liberdades fundamentais nesta antiga república soviética atingiu um nível sem precedentes e está a afetar "absolutamente toda a população" do país.
"Nenhuma geração ou categoria social está segura, são afetados médicos, professores, estudantes, operários, empresários, informáticos, 'bloggers', artistas ou organizações de solidariedade", assinalou, na altura, Anaïs Marin, num relatório mais atualizado sobre a situação na Bielorrússia, apresentado no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas.
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