A Bharat Biotech anunciou o fim, "com efeito imediato", do memorando de entendimento firmado em 24 de novembro de 2020 com a Precisa Medicamentos, que era a empresa intermediária na venda de 20 milhões de doses da Covaxin para o Governo brasileiro.
Apesar disso, a Bharat Biotech frisou que "continuará a trabalhar diligentemente com a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], o órgão regulador de medicamentos do Brasil, para concluir o processo de aprovação regulatória para a Covaxin".
Dessa forma, uma vez obtida a aprovação, o laboratório indiano estará disposto a fornecer vacinas diretamente ao Governo brasileiro, sem intermediários, a um preço de 15 dólares (12,7 euros) por unidade, segundo a empresa.
O anúncio foi feito após a divulgação de um escândalo sobre supostas ilegalidades atribuídas à Precisa Medicamentos e funcionários ligados ao Governo Bolsonaro na aquisição deste medicamento, que desencadeou investigações na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as ações e omissões do Governo brasileiro e do Ministério Público Federal.
A polícia brasileira anunciou na semana passada o início de uma investigação contra o Bolsonaro para apurar um suposto crime de prevaricação na aquisição da Covaxin.
Essa investigação deve verificar se o líder brasileiro soube de irregularidades nas negociações para a compra da vacina Bharat Biotech e não pediu uma investigação depois de o deputado Luis Miranda, da base política que apoia Bolsonaro, e o seu irmão Ricardo Miranda, chefe de importação do Ministério da Saúde, terem dito que transmitiram informações sobre alegadas irregularidades diretamente ao governante.
Luis Miranda revelou, no seu depoimento à CPI da pandemia, que o Presidente recebeu informações sobre irregularidades no contrato de intenção de compra da Covaxin, que só foi suspenso quando as suspeitas foram reveladas pelos senadores e pela imprensa local.
A Bharat Biotech garantiu que as negociações com o Brasil seguissem uma abordagem passo a passo para contratos e aprovações regulatórias ao longo de um longo processo de oito meses.
O Brasil foi um dos primeiros países a manifestar interesse em adquirir esse medicamento, em novembro passado, apesar de o medicamento estar em fase de testes e seu nível de eficácia, estimado em 77,8%, não ter sido confirmado.
Este medicamento também está aguardando a liberação para uso pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo ao contabilizar 547.016 vítimas mortais e mais de 19,5 milhões de casos confirmados de covid-19.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 4.139.040 mortos em todo o mundo, entre mais de 192,5 milhões de casos de infeção pelo novo coronavírus, segundo o balanço mais recente da agência France-Presse.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em países como o Reino Unido, Índia, África do Sul, Brasil e Peru.
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