Políticos e procuradores de Nova Iorque unem esforços para demitir Cuomo

Diversos responsáveis políticos do estado de Nova Iorque admitiram hoje que o governador Andrew Cuomo poderá enfrentar um processo de destituição caso não se demita, enquanto vários procuradores locais tentam reforçar as acusações sobre assédio sexual.

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Lusa
04/08/2021 20:48 ‧ 04/08/2021 por Lusa

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Abandonado por todas as partes após o resultado de um inquérito que o acusa de assédio sexual a pelo menos 11 mulheres, ameaçado em diversas frentes judiciais, o governador do estado de Nova Iorque parece cada vez mais isolado mas ainda resiste aos apelos à demissão.

Na sequência de um relatório arrasador de 165 páginas que enumera o caso de 11 mulheres que afirma terem sido vítimas de gestos ou observações desapropriadas por parte do governador de 63 anos, a procuradora federal do estado de Nova Iorque, Letitia James, terminou as suas investigações, que não tinham por objetivo imediato emitir um indiciamento de Andrew Cuomo.

No entanto, o governador está longe de ter terminado o contencioso no plano judicial. Hoje, dois procuradores de duas regiões do estado de Nova Iorque (Westchester e Manhattan) indicaram que pretendem analisar todos os elementos úteis do relatório para iniciarem a sua própria investigação sobre os eventuais delitos.

Na terça-feira, o procurador de Albany, a capital do estado de Nova Iorque e onde o governador está sediado, tinha emitido um anúncio similar, ao referir-se a um "inquérito criminal em curso" nos seus serviços.

No plano político, Andrew Cuomo, que dirige o quarto estado do país em população (cerca de 20 milhões de habitantes), parece cada vez mais só, como testemunha o apelo conjunto para a sua demissão emitido por quatro governadores de estados vizinhos (Connecticut, Rhode Island, New Jersey, Pensilvânia), todos provenientes do campo dos democratas.

Estes responsáveis juntaram-se a uma longa lista, que abrange o presidente da câmara municipal de Nova Iorque, Bill de Blasio, com quem já mantinha relações hostis, ao Presidente Joe Biden, durante muito tempo considerado seu amigo.

"Penso absolutamente que deve demitir-se para o bem do estado de Nova Iorque e do nosso povo. Se não o fizer, a quantidade de apelos para que se demita, que é generalizado neste estado, vai consegui-lo. Se quiser, pode esperar pela destituição, mas isso poderá suceder muito rapidamente no nosso estado", insistiu hoje Bill de Blasio em declarações à cadeia televisiva CBS.

Na terça-feira, Cuomo defendeu-se de qualquer comportamento indecente e de qualquer agressão ou assédio sexual. Em março tinha já declinado os primeiros apelos à demissão, ao referir que apenas prestava contas à população que elegeu, e não aos políticos.

Na liderança de um estado que também foi dirigido por seu pai Mario Cuomo entre 1983 e 1994, o atual governador sempre revelou que o seu principal objetivo consistia em manter esta cargo que ocupa desde 2011, para o qual foi reeleito em 2014 e 2018, e que pretendia confirmar nas eleições estaduais de 2022.

Na chefia deste estado, este antigo ministro da Habitação de Bill Clinton, e que foi casado com uma das filhas de Bob Kennedy, fez adotar diversas leis progressistas, incluindo o casamento homossexual em 2011, ou o salário mínimo de 15 dólares (12,6 euros) à hora.

Político com larga experiência, destacou-se durante a pandemia de covid-19, com muitos a reconhecerem a sua competência e habilidade para gerir a situação quando Nova Iorque e a sua região se tornaram o epicentro da crise, na primavera de 2020.

Alguns tentaram mesmo convencer Cuomo a concorrer à Casa Branca. No entanto, um ano mais tarde a sua posição fragilizou-se após as primeiras acusações de assédio sexual.

À margem dos inquéritos judiciais, o governador está também ameaçado no parlamento estadual de um processo que poderá implicar a sua destituição.

"Logo após termos recebido todos os documentos e provas úteis por parte da procuradora, agiremos com diligência e procuraremos concluir o nosso inquérito de indiciação o mais rapidamente possível", assegurou o chefe da câmara baixa, o democrata Carl Heastie, assegurando que Cuomo "não pode permanecer no seu posto".

Leia Também: Biden pede demissão de Cuomo após acusações de assédio sexual

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