Agência dos EUA pede a rebeldes de Tigray que abandonem regiões vizinhas

A diretora da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), Samantha Power, apelou hoje aos rebeldes da região etíope de Tigray para se retirarem "imediatamente" das regiões vizinhas de Amhara e Afar, para onde o conflito se expandiu.

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© EDUARDO SOTERAS/AFP via Getty Images

Lusa
04/08/2021 22:34 ‧ 04/08/2021 por Lusa

Mundo

Etiópia

Tigray tem sido há vários meses o palco de conflitos que resultaram numa grave crise humanitária, segundo as Nações Unidas. A ajuda humanitária internacional tem enfrentado desafios, incluindo obstáculos administrativos.

A situação foi agravada esta semana, depois de o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, ter suspendido duas organizações não-governamentais (ONG) que operam em Tigray, acusando-as de "desinformação".

As ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) e Conselho Norueguês para os Refugiados (NRC) "difundem a desinformação nas redes sociais e noutras plataformas, fora do mandato e dos objetivos para os quais estas organizações foram autorizadas a operar", reforçaram hoje as autoridades etíopes, citadas pela agência France-Presse (AFP).

A decisão foi condenada por Washington, com a embaixadora dos EUA na ONU a considerar que a suspensão da atividade destas ONG "inaceitável".

"Conheço bem o trabalho dos MSF e do NRC e eles são respeitados internacionalmente. A Etiópia deveria reconsiderar esta decisão", escreveu Linda Thomas-Greenfield na plataforma Twitter.

Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar em 04 de novembro para derrubar a TPLF, o partido eleito e no poder no estado.

O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória em 28 de novembro, com a captura da capital regional, Mekele, frente à TPLF, partido que controlou a Etiópia durante quase 30 anos.

Em 28 de junho, Adis Abeba anunciou um cessar-fogo unilateral, aceite, em princípio, pelas forças de Tigray.

No entanto, os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.

No último mês, os conflitos alastraram-se para as regiões vizinhas de Afar e Amhara.

As organizações de ajuda humanitária queixam-se que apesar do cessar-fogo, o acesso continua limitado, sendo constrangido pela insegurança e por bloqueios administrativos.

Samantha Power, em visita à Etiópia, apelou às autoridades de Tigray para "retirarem imediatamente as suas forças" das regiões de Amhara e Afar, acrescentando que "não existe uma solução militar para este conflito".

Em 01 de junho, o Programa Alimentar Mundial da ONU advertiu que um total de 5,2 milhões de pessoas, mais de 90% da população de Tigray, necessita de assistência alimentar de forma urgente devido ao conflito.

O secretário-geral do NRC, Jan Egeland, tem apresentado vários alertas no Twitter, tendo, em fevereiro, dito que "em 40 anos de trabalho humanitário" nunca "tinha visto tantos obstáculos à entrega de ajuda" humanitária.

Numa conferência de imprensa na terça-feira, o chefe das operações de ajuda humanitária da ONU, Martin Griffiths, estimou que para satisfazer as necessidades no terreno são necessários 100 camiões de ajuda por dia em Tigray.

De acordo com a Etiópia, hoje chegaram 157 camiões deste tipo à capital de Tigray, Mekele.

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mais de 100.000 crianças poderão sofrer de desnutrição aguda potencialmente mortal durante os próximos 12 meses -- 10 vezes a média anual.

Leia Também: Etiópia: ONU condena acusações do governo sobre ajuda humanitária

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