Segundo o Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos, os confrontos chegaram já às zonas residenciais, que estão a ser bombardeadas "indiscriminadamente" tanto pelo exército sírio como pelas forças rebeldes.
Segundo a instituição, trata-se dos piores momentos de violência que se vive em Deraà (no sul do país) desde 2018.
"O que estamos a começar a saber sobre o que está a acontecer em Deraà e noutras cidades vizinhas mostra um grande risco para os civis, que estão expostos a combates e violência, e que estão, de facto, sob cerco", afirmou a alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet.
O cerco ocorre na medida em que a única estrada de acesso a Deraà é atualmente controlada pelo exército leal ao Governo de al-Assad.
Segundo Bachelet, a mobilidade da população de Deraà está restringida pelos inúmeros postos de controlo e pelos tanques estacionados nas ruas. Além disso, os civis estão a ser vítimas de confisco e roubo dos seus bens.
A escalada de violência começou no final de julho e seguiu-se a várias semanas de tensão, durante as quais o Governo impôs controlos severos nas estradas de acesso a Deraà, que foi, anteriormente, um reduto dos rebeldes.
O objetivo dos controlos era pressionar a rendição de membros de grupos armados, exigindo também a entrega de armas, para que fossem, posteriormente, transferidos para a província de Idleb, no norte da Síria, zona onde têm sido confinados vários grupos de milícias nos últimos anos.
Em 2018, grupos armados de Deraà assinaram um acordo de cessar-fogo, que foi mediado pela Rússia.
Segundo a ONU, a nova escalada do conflito já levou cerca de 18.999 civis a fugir de Deraà, desde 28 de julho passado, tendo alguns deles procurado refúgio dentro da cidade ou em zonas da periferia.
Segundo informações recebidas pela organização, entre 01 de janeiro e 31 de julho morreram, só na província de Deraà, 101 pessoas devido aos combates.
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