"Um Estado que aprisiona, bloqueia, tortura e força ao exílio dezenas de milhares dos seus cidadãos por protestos pacíficos perdeu toda a legitimidade política e moral", considerou o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, num comunicado sobre o primeiro aniversário daquelas presidenciais bielorrussas.
Maas acrescentou que a "Alemanha e a União Europeia" continuarão "ao lado do povo da Bielorrússia que luta pelo respeito dos direitos humanos e democráticos fundamentais".
"Não permitiremos que sejam silenciados. Além do apoio político, lançámos ajuda prática", indicou, referindo-se ao Plano de Ação para a Sociedade Civil na Bielorrússia, centrado nos perseguidos politicamente.
O chefe da diplomacia alemã recordou que os manifestantes bielorrussos pró-democracia, cuja "coragem" destacou, "exigem (...) novas eleições justas e livres e a libertação dos presos políticos".
"O seu protesto e a sua vontade de resistir conquistaram admiração, solidariedade e apoio em todo o mundo", assinalou Maas, citado pela agência noticiosa espanhola EFE.
A repressão violenta dos protestos que se seguiram às presidenciais de agosto de 2020 -- que deram a Lukashenko o seu sexto mandato -- e as detenções de opositores na Bielorrússia levaram a UE a impor sanções ao governo bielorrusso e a indivíduos e empresas do país.
Lukashenko reconheceu hoje, numa conferência de imprensa designada "Grande Conversa com o Presidente", que o país teve um ano difícil após aquelas eleições.
"Hoje, a Bielorrússia está no centro das atenções de todo o mundo. Como e porquê sabem melhor do que eu. Quero apenas dizer que não foi de livre vontade. Tivemos um ano difícil", disse Lukashenko em Minsk, citado pelas agências EFE e Associated Press.
O líder bielorrusso disse que o ano seguinte às eleições de 09 de agosto de 2020 pôs à prova a "unidade nacional da Bielorrússia" e acusou a oposição de ter pensado num golpe de Estado.
"Realizámos então a preparação para a eleição nas condições de total transparência e democratização da vida política. A diferença era apenas que alguns estavam a preparar-se para uma eleição justa, e outros pediam para esmagar as autoridades para um golpe de Estado", disse.
As autoridades bielorrussas responderam aos protestos com uma repressão implacável, com mais de 35.000 pessoas presas e milhares espancadas pela polícia.
Lukashenko considerou que os acontecimentos do ano passado fortaleceram a cooperação entre a Bielorrússia e a Rússia, defendendo que Moscovo era o alvo do "ataque externo".
Também advertiu o Ocidente contra novas sanções contra a Bielorrússia, porque poderiam ter "o efeito contrário" e afetar os países que as impõem.
"Eles [políticos ocidentais] precisam de começar a usar a cabeça e pensar cuidadosamente antes de tomar medidas contra nós, incluindo antes de introduzir sanções", disse.
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