"Grupos islâmicos mataram mais de 420 civis e deslocaram dezenas de milhares em ataques no Níger ocidental desde janeiro de 2021", escreveu a HRW num comunicado citado pela agência France-Presse (AFP).
Membros desta organização não-governamental (ONG) visitaram o país entre 23 de junho e 04 de julho, tendo-se encontrado com testemunhas de abusos, líderes tradicionais, autoridades locais, membros de organizações de defesa dos direitos humanos nigerinas e diplomatas estrangeiros.
"Grupos islâmicos armados parecem estar a travar uma guerra contra a população civil na parte ocidental do Níger. Eles mataram, pilharam e queimaram, deixando a morte e a destruição no seu rasto e estilhaçando vidas", segundo a diretora da HRW para o Sahel, Corinne Dufka.
A ONG refere também que os grupos armados destruíram escolas e igrejas e impuseram restrições baseadas na sua interpretação do Islão.
A HRW documentou nove ataques realizados entre janeiro e julho em cidades, aldeias e vilas nas regiões de Tillabéri e Tahoua.
A região de Tillabéri, na chamada zona das "três fronteiras", entre Níger, Mali e Burkina Faso, e a região de Tahoua, perto do Mali, são regularmente palco de ataques por grupos armados 'jihadistas' ligados aos grupos Estado Islâmico e Al-Qaida.
"Desde 2019, esta área tem assistido a um aumento dramático dos ataques contra alvos militares e, cada vez mais, contra os civis", observou a ONG.
Entre as vítimas, estão líderes de aldeias, imãs, deficientes e muitas crianças, "algumas das quais foram executadas após terem sido arrancadas dos braços dos seus pais".
De acordo com os números oficiais, 307 civis foram massacrados entre janeiro e março de 2021.
No sudeste, o Níger enfrenta também atrocidades cometidas pelos 'jihadistas' nigerianos do Boko Haram e do Estado Islâmico na África Ocidental.
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