ONU transfere pessoal para Cabul e Espanha repatria espanhóis
A ONU revelou hoje que está a transferir alguns dos seus funcionários no Afeganistão para Cabul face ao avanço dos talibãs em muitas áreas do país, mas ressalvou que não se trata de uma "evacuação".
© AFP via Getty Images
Mundo Afeganistão
"Estamos a avaliar a situação de segurança a cada hora, tanto em Cabul como noutros lugares. Não há nenhuma evacuação de pessoal da ONU em andamento", garantiu o porta-voz das Nações Unidas, Stéphane Dujarric, na habitual conferência de imprensa diária.
Dujarric destacou que está em estudo a redução da presença das agências da organização em certas partes do país e disse que o quadro de funcionários da ONU já é limitado em várias das cidades ocupadas nas últimas horas pelos talibãs, como Herat e Kandahar, a segunda maior cidade do Afeganistão.
"Estamos a reposicionar, conforme necessário, alguns trabalhadores internacionais e nacionais de diferentes lugares para Cabul", explicou o porta-voz, que insistiu que as Nações Unidas continuam no terreno a tentar dar apoio humanitário à população civil afegã.
A ONU tem cerca de 300 funcionários internacionais e perto de 3.400 afegãos a trabalhar no país e, apesar do rápido avanço militar dos talibãs, tem insistido em todos os momentos que a sua intenção é continuar a ajudar os civis.
Nesse sentido, Dujarric disse que as pessoas deslocadas de outras áreas do país continuam a chegar a Cabul e a outras cidades à procura de proteção.
Até agora, foram documentadas 10.350 pessoas que entraram na capital entre 01 de julho e 12 deste mês, com a maioria a alugar casas ou a ficar com familiares e amigos, embora haja um número crescente de famílias que deverá chegar a Cabul.
A ONU enviou várias missões para analisar a situação e apoiar os deslocados com alimentos e assistência médica.
A ONU, tal como quinta-feira, insistiu hoje que a chegada dos combates a Cabul terá consequências catastróficas e exortou o Governo afegão e os talibãs a alcançarem uma solução negociada para o conflito.
Também hoje, o Governo de Espanha, num comunicado, indicou que vai repatriar os cidadãos espanhóis que se encontram no Afeganistão, bem como os funcionários da embaixada em Cabul e os afegãos e respetivas famílias que trabalharam nos últimos anos com os militares.
Questionado sobre se Madrid vai encerrar a missão diplomática em Cabul, o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, respondeu que Espanha "está preparada para qualquer eventualidade", incluindo a evacuação da embaixada se necessário, assegurando que "não deixará ninguém para trás".
O anúncio de Espanha surge depois de idêntica decisão anunciada hoje pelos Países Baixos, com Haia a garantir que vai proceder ao repatriamento de intérpretes afegãos, que trabalham ou trabalharam para os holandeses, bem como parte do pessoal da embaixada no Afeganistão.
Também a Dinamarca e a Noruega, por seu lado, anunciaram o encerramento temporário das respetivas embaixadas em Cabul e a retirada de todos os seus funcionários, enquanto a Finlândia evacuará até 130 afegãos que trabalharam para a missão diplomática no Afeganistão.
A Alemanha também anunciou hoje que irá reduzir o seu quadro diplomático em Cabul ao "mínimo absoluto".
Os anúncios foram feitos depois de os Estados Unidos terem indicado, quinta-feira, tal como o Reino Unido, que irão enviar milhares de soldados para Cabul para retirar diplomatas e outros cidadãos norte-americanos face à ofensiva talibã, que se encontra já às portas de Cabul.
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