Afeganistão. Chefes de diplomacia da UE discutem hoje "encruzilhada"

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) vão discutir hoje, por videoconferência, a situação no Afeganistão, país que vive momentos caóticos depois de as forças talibãs terem recuperado o poder e ocupado a capital Cabul.

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Lusa
17/08/2021 06:07 ‧ 17/08/2021 por Lusa

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Afeganistão

 

A reunião extraordinária foi convocada na segunda-feira pelo Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, um dia após os talibãs terem entrado em Cabul, forçando a uma retirada apressada dos diplomatas e cidadãos de países ocidentais e afegãos que colaboraram com a comunidade internacional, uma operação de evacuação que está a processar-se sob condições extremamente delicadas.

Por ocasião do anúncio da convocatória da videoconferência, Borrell, adiantando que o encontro visa proporcionar "uma primeira avaliação" da situação, comentou que "o Afeganistão encontra-se numa encruzilhada", sublinhando que "a segurança e o bem-estar dos seus cidadãos, bem como a segurança internacional, estão em jogo".

A secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, vai representar Portugal na reunião, com início previsto para as 16h00 em Bruxelas (15h00 em Lisboa).

Na segunda-feira, em declarações à Lusa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, revelou que, dos 16 civis portugueses que estavam no Afeganistão, 12 já saíram do país e quatro continuam em funções operacionais no aeroporto de Cabul.

Sublinhando que Portugal não tem, "neste momento, nenhum motivo de preocupação com essa dimensão de portugueses civis que ainda estão em Cabul", Santos Silva garantiu que os que ainda estão naquele país "serão retirados proximamente, à medida que as atividades de controlo do tráfego aéreo no aeroporto de Cabul deixarem de ser responsabilidade da comunidade internacional".

Portugal está ainda, de acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros, a fazer uma identificação dos afegãos que colaboraram com a comunidade internacional e que, "portanto, possam correr risco de vida ou de segurança".

No domingo, o ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, adiantara que Portugal vai integrar a operação da UE e da NATO para proteger cidadãos no Afeganistão e está disponível para receber afegãos.

Segundo Gomes Cravinho, o número de refugiados a receber em Portugal ainda está a ser avaliado, mas a força portuguesa destacada no país nos últimos anos somava "243 funcionários afegãos, mais as suas famílias".

Depois de várias ofensivas iniciadas em maio deste ano, na sequência do anúncio dos Estados Unidos da retirada final dos seus militares do Afeganistão, os talibãs conquistaram no domingo a última das grandes cidades que ainda não estavam sob seu poder, a capital, tendo declarado o fim da guerra no país e a sua vitória.

O Presidente afegão, Ashraf Ghani, abandonou o país no domingo, quando os talibãs estavam às portas da capital, enquanto os líderes do movimento radical islâmico se apoderavam do palácio presidencial.

A entrada das forças talibãs em Cabul pôs fim a uma campanha militar de duas décadas liderada pelos Estados Unidos e apoiada pelos seus aliados, incluindo Portugal.

As forças de segurança afegãs, treinadas pelos militares estrangeiros, colapsaram antes da entrada dos talibãs na cidade de Cabul.

Milhares de afegãos, em Cabul, tentam fugir do país e muitos dirigiram-se para o aeroporto internacional onde a situação é caótica.

Leia Também: Merkel reconhece erro ao avaliar situação no Afeganistão

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