Paquistão surge como alternativa aérea e terrestre à retirada de Cabul

Cerca de 22.400 pessoas foram retiradas de Cabul através do Paquistão nos últimos dias, o que torna o país asiático numa alternativa aérea e terrestre para abandonar um Afeganistão caótico nas mãos dos talibãs.

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Lusa
25/08/2021 15:24 ‧ 25/08/2021 por Lusa

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Afeganistão

 

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"O Paquistão oferece a sua cooperação a todas as delegações (diplomáticas) estrangeiras, organizações e meios de comunicação internacionais para transferir temporariamente ou repatriar o seu pessoal", este é o lema que o ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês, Shah Mahmood Qureshi, tem repetido desde 15 de agosto.

Qureshi passou vários dias em negociações com homólogos de vários países em todo o mundo sobre a necessidade de encontrar alternativas para sair de Cabul, onde os talibãs vão aparentemente assumir o controlo do aeroporto a partir de 31 de agosto, o prazo limite estabelecido.

De acordo com o ministro da Informação paquistanês, Fawad Chaudhry, um total de 22.400 pessoas já saíram do Afeganistão via Paquistão, 22.000 das quais estrangeiras.

Desse total, 3.400 voaram de Cabul para Islamabad, as restantes 19.000 passaram pelos vários pontos fronteiriços entre os dois países.

Além disso, a embaixada do Paquistão em Cabul, uma das poucos que continua a operar, tem levado pessoas de embaixadas europeias e instituições internacionais ao aeroporto, onde com a proteção dos talibãs têm acesso à área civil do aeródromo, para embarcar em aviões para Islamabad ou outro território, embora a maioria saia da zona militar controlada pelos Estados Unidos.

Isso demonstra a influência do Paquistão sobre os talibãs, cujos líderes se refugiaram em solo paquistanês após a derrota de 2001 durante a intervenção militar internacional liderada pelos EUA, país que acusa Islamabad de apoiar os insurgentes.

"Obrigado ao Paquistão e ao embaixador Farooq pela sua incrível ajuda na realização da operação de evacuação dinamarquesa para retirar os dinamarqueses e afegãos de Cabul", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros dinamarquês, Jeppe Kofod, na rede social Twitter.

O embaixador alemão em Islamabad, Bernhard Schlagheck, e a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, fizeram também agradecimentos semelhantes.

"Os esforços do Paquistão ao mais alto nível foram absolutamente essenciais para retirar de forma segura e rápida o pessoal do FMI e as suas famílias do Afeganistão. Os meus sinceros agradecimentos a [primeiro-ministro] Imran Khan pela sua ajuda excecional nestas circunstâncias difíceis", publicou Georgieva no Twitter.

Os talibãs garantiram hoje que vão continuar a permitir a operação de voos comerciais no país após o prazo de 31 de agosto para as retiradas internacionais.

No entanto, diante das dúvidas sobre essa promessa, a questão é se, quando chegar esse dia, o Paquistão continue a ser uma via alternativa para sair do país.

As autoridades paquistanesas ainda não fizeram nenhuma declaração nesse sentido.

Os talibãs passaram a controlar Cabul no dia 15 de agosto, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001.

A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.

Face à brutalidade e interpretação radical do Islão que marcou o anterior regime, os talibãs têm assegurado aos afegãos que a "vida, propriedade e honra" vão ser respeitadas e que as mulheres poderão estudar e trabalhar.

Leia Também: Congressistas dos EUA de viagem a Cabul criticam prazo de retirada

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