Depois de ter transferido temporariamente a embaixada japonesa para a Turquia, na sequência do conflito interno no Afeganistão desde que os talibãs começaram a conquistar território, em maio, o Japão quer agora passar a sua representação diplomática para o país do Golfo Árabe.
O ministro dos Negócios Estrangeiros japonês, Toshimitsu Motegi, visitou o Médio Oriente no início deste mês, afirmando hoje, em conferência de imprensa, que as suas conversas com os líderes da região sugerem que Doha, capital do Qatar, terá crescente importância política na região.
"Acredito que vão acontecer várias formas de comunicação", disse Motegi.
Os cidadãos japoneses da embaixada em Cabul estiveram entre os primeiros a serem retirados do Afeganistão quando os talibãs conquistaram a capital do país, em 15 de agosto.
A maioria dos japoneses foi transportada de avião por militares britânicos antes de Tóquio enviar um avião da Força de Autodefesa na semana passada, quando a segurança fora do aeroporto de Cabul piorou.
Na última quinta e sexta-feira, o Japão retirou do país apenas um cidadão japonês, juntamente com 14 afegãos, a pedido dos militares dos Estados Unidos, levando-os para o Paquistão.
O secretário do Governo do Japão, Katsunobu Kato, acrescentou que a retirada segura dos restantes cidadãos japoneses e afegãos que trabalharam para a embaixada japonesa e organizações de ajuda continua a ser uma prioridade.
Os últimos militares norte-americanos presentes no Afeganistão saíram do país hoje de madrugada, levando os talibãs a proclamar uma vitória plena e a marcar o final da guerra com os Estados Unidos com um desfile dos líderes do grupo fundamentalista através do aeroporto.
A conquista total de Cabul pelos talibãs aconteceu no dia 15 de agosto, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.
As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.
A tomada da capital põe fim a uma presença militar estrangeira de 20 anos no Afeganistão, dos Estados Unidos e dos seus aliados na NATO, incluindo Portugal.
Devido aos laços com Washington e os talibãs e pelo importante papel que desempenhou nos esforços norte-americanos para retirar pessoas do Afeganistão, o Qatar está agora a ser solicitado para ajudar a moldar o que se segue no Afeganistão.
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