Paquistão diz que talibãs vão formar Governo em breve e pede apoio

O Paquistão disse hoje que os talibãs vão formar um Governo de "consenso" nos próximos dias e apelou à comunidade internacional a não abandonar o Afeganistão, após a completa retirada das tropas norte-americanas do país.

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Lusa
31/08/2021 15:27 ‧ 31/08/2021 por Lusa

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Afeganistão

 

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"Estamos à espera que se forme um Governo de consenso nos próximos dias", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros do Paquistão, Shah Mehmood Qureshi, em conferência de imprensa realizada em Islamabad em conjunto com o seu homólogo alemão, Heiko Maas.

O chefe da diplomacia do Paquistão pediu à comunidade internacional para continuar envolvida no Afeganistão.

"A ajuda humanitária tem de chegar. Não vamos permitir o colapso económico do Afeganistão", sublinhou Qureshi.

O Paquistão manteve relações com os talibãs durante a guerra e presença de militares norte-americanos e da NATO, nos últimos 20 anos, contactos que levaram os Estados Unidos, em mais de uma ocasião, a criticar Islamabad por ajudar os então insurgentes.

As declarações de Qureshi foram feitas poucas horas depois de os líderes talibãs terem declarado "a independência completa" do Afeganistão, hoje de manhã, no aeroporto de Cabul, após a retirada total dos Estados Unidos antes da meia-noite, hora local.

No meio das comemorações, os talibãs também referiram a intenção de formar um Governo islâmico "inclusivo".

"É importante para todos nós que todos os afegãos, mesmo aqueles que não apoiam os talibãs, se sintam representados, mas resta saber se os talibãs vão ter isso em consideração" e cumprir as suas promessas, afirmou Maas, que chegou na segunda-feira a Islamabad para uma visita de dois dias.

O chefe da diplomacia alemã lembrou que os talibãs prometeram permitir que mais afegãos deixem o país, mesmo depois de as operações oficiais de retirada forem concluídas e agora que o aeroporto já está nas mãos dos insurgentes.

"Os talibãs prometeram, mas só nos próximos dias e semanas veremos se podemos contar com isso", referiu Maas.

O Paquistão tornou-se um parceiro estratégico para entrar e sair do Afeganistão, com o início da chegada da ajuda humanitária e da retirada de estrangeiros e colaboradores afegãos, situação que o ministro alemão fez questão de sublinhar.

"Gostava de agradecer ao Paquistão pela retirada de cidadãos alemães do país", disse, acrescentando que o seu país irá apoiar os vizinhos do Afeganistão a enfrentar os novos desafios, tendo a Alemanha disponibilizado já 100 milhões de euros em ajuda humanitária e prometido outros 500 milhões.

Os últimos militares norte-americanos presentes no Afeganistão saíram do país esta madrugada, levando os talibãs a proclamar uma vitória plena e a marcar o final da guerra com os Estados Unidos com um desfile dos líderes do grupo fundamentalista através do aeroporto.

A conquista total de Cabul pelos talibãs aconteceu no dia 15 de agosto, culminando uma ofensiva iniciada em maio, quando começou a retirada das forças militares norte-americanas e da NATO.

As forças internacionais estavam no país desde 2001, no âmbito da ofensiva liderada pelos Estados Unidos contra o regime extremista (1996-2001), que acolhia no seu território o líder da Al-Qaida, Osama bin Laden, principal responsável pelos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001.

Leia Também: Áustria não está preparada para receber mais afegãos

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