Em 2008, o intérprete afegão Mohammed ajudou a resgatar o então senador Joe Biden e dois outros senadores, que ficaram presos num vale remoto do Afeganistão depois de o helicóptero onde estes viajavam ter sido forçado a aterrar devido a uma tempestade de neve.
Agora, 13 anos depois, Mohammed, de 36 anos, pede ao presidente Biden que o salve dos talibãs. A ele, à mulher e aos seus quatro filhos.
"Olá, senhor presidente. Salve-me a mim e à minha família. Não se esqueça de mim aqui", apelou, em conversa com o The Wall Street Journal, esta segunda-feira, dia em que os EUA tiraram os seus últimos militares de Cabul.
Revela o mesmo jornal norte-americano que Mohammed, que se encontra escondido com a família dos talibãs, tentou sair do Afeganistão, mas esbarrou em burocracias. As forças militares dos EUA terão deixado o afegão entrar no Aeroporto de Cabul durante a missão de evacuação do país, mas restringiram a entrada à mulher e filhos.
Perante isto, Mohammed desistiu de viajar.
Ao ser confrontada com o pedido de ajuda de Mohammed, esta terça-feira, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki revelou que os EUA deixaram de conseguir contactar o intérprete afegão, contudo, comprometeu-se a fazer de tudo para o tirar do país.
“A nossa mensagem para ele é a seguinte: “Obrigada por ter lutado ao nosso lado nos últimos 20 anos. Obrigada pelo papel que desempenhou e por ter ajudado algumas das minhas pessoas preferidas a sair de uma tempestade de neve e por todo o trabalho que fez. O nosso compromisso é para durar. Não estamos comprometidos apenas com os cidadãos norte-americanos. Vamos lutar também pelos nossos aliados afegãos que lutaram ao nosso lado”, começou por dizer Jen Psaki, garantindo, de seguida, que o vão tirar do Afeganistão.
“Agora estamos focados na fase diplomática. Vamos tirá-lo daí. Vamos honrar o nosso compromisso para consigo. Estamos empenhados em fazer exatamente isso”, afiançou a responsável.
De acordo com o The Wall Street Jounal, Mohammed e a família são apenas alguns dos aliados afegãos que os EUA deixaram para trás quando encerraram a sua ‘missão’ de 20 anos no Afeganistão.
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