Os familiares das 298 vítimas da queda do avião da Malasysia Airlines (MH17), derrubado sobre a Ucrânia em julho de 2014, acusaram, esta segunda-feira, a Rússia de mentir a respeito do seu papel no despenhamento do aparelho.
O tribunal de Haia, nos Países Baixos, que julga à revelia quatro suspeitos ligados ao movimento separatista pró-russo do Leste da Ucrânia, começou a ouvir os familiares das vítimas, a maioria holandesas.
Em 2018, uma equipa internacional de investigadores concluiu que o avião de passageiros foi abatido no leste da Ucrânia, atingido por um míssil disparado por rebeldes pró-Rússia. Moscovo nega qualquer responsabilidade.
"Eles estão a mentir, sabemos que estão a mentir", afirmou em tribunal Ria van der Steen, que perdeu o pai e a madrasta no incidente. "Quero que saibam que sei onde está a responsabilidade."
A holandesa foi a primeira de dezenas de familiares das vítimas, que terão a oportunidade de falar ou enviar declarações por escrito nas próximas três semanas.
A filha de um casal autraliano que morreu no acidente foi ouvida por videoconferência e apontou Vladimir Putin e o seu governo como parte do "pesadelo político" que levou ao acidente. Vanessa Rizk enfatizou que os pais não tiveram nenhum papel na crise política que levou às suas mortes.
As autoridades holandesas, bem como a Austrália, acusam diretamente a Rússia, que sempre negou qualquer envolvimento no incidente e tem apontado o dedo à Ucrânia.
A Procuradoria acusa de homicídio três cidadãos russos - Igor "Sterlkov" Girkin, Sergei Dubinsky e Oleg Pulatov - e um ucraniano - Leonid Kharchenko -, à revelia. Apenas Pulatov reconhece o julgamento na Holanda.
Todos são suspeitos de desempenhar funções importantes nas forças separatistas, mas nenhum dos acusados terá sido responsável pelo disparo ou pela ordem de lançamento, sendo que esse ponto em particular continua em aberto e sob investigação da equipa que trata de saber como foi abatido o Boeing 777 que partiu há sete anos do aeroporto de Schiphol, em Amesterdão, com destino a Kuala Lumpur, na Malásia.
Os juízes adiantaram, esta segunda-feira, que esperam emitir uma sentença no final do próximo ano.
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