"Observamos com enorme preocupação a perigosa tendência de alguns países de impor valores alheios sobre outros países, sem ter em conta a sua história, cultura, tradições e prioridades", afirmou o Presidente equato-guineense, intervindo, através de uma mensagem em vídeo gravada, na 76.ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque.
Na liderança da Guiné Equatorial há 42 anos, aquele que é o chefe de Estado há mais tempo no poder em África advertiu que "a democracia é uma boa forma de governabilidade, mas não deve ser imposta sem ter em conta a idiossincrasia, história e tradições dos povos".
Antes, insistira que a Guiné Equatorial, membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) desde 2014, "é um Estado soberano que não interfere nos assuntos internos de outros países e espera que se respeite a sua soberania nacional e não se interfira nos seus assuntos internos".
Obiang sublinhou a importância da "segurança e estabilidade" para "alcançar o progresso e fazer do mundo um lugar mais justo e próspero".
Apelou à comunidade internacional para que "una esforços para livrar o mundo dos conflitos e das suas causas profundas" e dirigiu uma saudação a outro país lusófono, a Guiné-Bissau.
"Neste sentido, aproveito a ocasião para felicitar os governos e atores políticos da Líbia, Guiné-Bissau e República Centro-Africana pelos seus esforços para restabelecer a paz e estabilidade", salientou o chefe de Estado.
Na sua mensagem à Assembleia-Geral da ONU, defendeu a "inadiável" reforma do Conselho de Segurança da ONU, de forma a incluir um representante africano, uma reivindicação antiga do continente, e condenou a "incompreensível oposição por parte daqueles países que beneficiam do atual 'status quo'".
Teodoro Obiang também alertou a comunidade internacional para "a crescente situação de instabilidade e insegurança" que afeta a África Central, nomeadamente com a pirataria no Golfo da Guiné, que se "converteu numa zona instável que ameaça a existência dos povos litorais e do tráfego marítimo internacional, o que agudiza a crise económica" dos países daquela regional.
"A atividade terrorista e mercenária continuam a ser um sério desafio para os nossos países", salientou.
Leia Também: Guiné-Bissau com um caso positivo e nove pessoas recuperadas em 24h